quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

não deu.

Não deu pra manter convicções falidas, nem ouvir amigos que falam mal por bem.
Não deu pra erguer a cabeça e cair fora. Não deu pra desistir. Não deu pra não perceber.
Também não deu pra não escrever.

Segunda-feira com ar de despedida. Nem mesmo o sol continuava no céu - ele dava o ar de sua graça por alguns segundos e então acenava adeus, ao ser encoberto por núvens cinzentas.
Desci do ônibus com o coração na mão. Estava pronta para o que quer que acontecesse. O fim de semana fôra frustrado. Tristonho, assim como a paisagem.
No começo, não aceitei o engano. Convencia-me de que estava certa. Erro de julgamento que cometo quase sempre. Chegaria lá, pegaria o que era meu. Com um beijo na face, me afastaria, olhos marejados de lágrimas. Esperaria um chamado. Um grito. Um abraço, que com certeza não viria. Um beijo intenso. Um pedido para que voltasse. Ilusões, ilusões... Mas, de que outra forma conseguiria aguentar chegar até lá, senão me agarrando a sonhos de filmes românticos?
Enfim, desci do ônibus. Ao ouvir a porta fechar-se atrás de mim, senti também o destino sair de minhas mãos. Não dependia mais de mim.
Entrei na casa, que até então não conhecia. Sequer sabia o que esperar atrás da porta, que se dirá então do que aconteceria ao atravessa-la?
Nos sentamos, distantes. A principio, lado a lado, depois, cada um deitado em um colchão, assistindo televisão. Globo durante a tarde - a mesma grande bosta de sempre.
Conversando sobre trivialidades, do tipo "então, dormiu bem essa noite?". Resposta óbvia: "não". Havia passado horas e horas em claro, pensando naquele momento, que parecia tão artificial. Era impossível estarmos no mesmo cômodo sem que eu pudesse olha-lo direito. Sem poder tocâ-lo... Até respirar doía, pelas fisgadas de angústia no estômago. Sem contar a maldita cólica que me afligia.
Até que ele dormiu...
Disse firmemente para mim: "estou cansada, vou embora". Pensei em sair à francesa, mas desistir nunca foi uma opção. Naquele dia eu descobri. O baque de realidade me fez abandonar todas as certezas e convicções. Estava errada e ponto final. Não importa se só no fim do capítulo, ou se na história inteira. Enfim, era hora de estar certa. Fazer algo certo.
Tudo por aquele rosto tranquilo, a apenas um metro de distância de mim... A luta comigo mesma para evitar tomá-lo em meus braços levou-me às lágrimas diversas vezes, enquanto ele apenas respirava...
Enfim, quando acordou, ordenei que me desse um espaço ao seu lado. Fez graça. Chamou-me de mandona. Sorri tristemente. Meu poder acabava ali. Não podia ordenar que me beijasse... Encolhi-me em seu ombro, abraçando-o. Nenhum outro toque jamais pareceu tão certo, senão aquele: minha cabeça em seu peito, enquanto o abraçava... Ficávamos assim desde o primeiro dia. Quantas vezes eu havia dormido ouvindo o seu respirar, sentindo o seu calor...
Depois de relutar, abraçou-me também, acariciando meus cabelos, meu pescoço, enquanto eu estremecia. Naquele momento, pude perceber que ele prendia a respiração. Me queria tanto naquele abraço quanto eu mesma.
Lentamente, puxei seu rosto para mais perto do meu. Escondi-me em seu pescoço, vacilante até quanto a respirar. Sem oferecer resistência, entregou-se à guia, sabendo exatamente o destino. Aquele beijo, quase tímido. Beijo cheio de promessas e de mudanças. Afinal, eu havia mudado e prometido.
Nunca mais deixarei nada interferir entre nós dóis além de nós mesmos.
Ainda vou te convencer disso. Palavra de quem te ama, G.
Afinal, você é meu vício mais irremediável, e meu remédio mais viciante.

Você ainda vai me perdoar. Prometo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

abandono.

Precisei ter um descontrole emocional de nivel assustador para perceber que precisava mudar de atitude e voltar a ser quem era.
Peço desculpas a quem magoei no caminho.
É dificil olhar para trás e ignorar as dores da jornada. Tentei guarda-las para mim, mas acabaram escapando, junto com as lágrimas que derramei por três horas seguidas, sem saber sequer porque ainda chorava.
Prometo buscar ajuda.
Prometo ajudar a mim mesma.
Prometo voltar a sorrir sem medos.

Até lá, o blog fica abandonado. Afinal, para escrever, remoo todos meus temores, o que não tem me ajudado.
Quem sabe um sabe um dia eu não retorne com um humor menos sombrio?

Por agora, o céu azul me garante paz, nem que seja por algumas horas.

domingo, 22 de novembro de 2009

anseio.

Bom-senso é coisa para os fortes. Estes, sim, podem se dar ao trabalho de planejar o futuro ao invés de ir colocando pés e mãos desesperados uns pelos outros.
Mas essa ausência entre lençóis e cobertas... Sem aquela respiração para cortar o silêncio da noite...
A cada noite é mais difícil ter que pegar um ônibus e rumar para o Hauer.
A cada amanhecer me sinto menos em casa, rodeada por coisas que só são minhas.
Por isso que adoro tanto afanar suas blusas. Por isso que de tanto dormir abraçada ao bichinho de pelúcia que me deu, amassei-lhe os bigodinhos. E insisto que a touca fica melhor em mim porque o fato de ter sido sua um dia a torna especial (além do fato de ficar mesmo bonita em mim!).
Abrir o portão da entrada sozinha me lembra que ainda falta muito de você ao meu redor.
Meu vício.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

vicio.

"Há sangue em minha boca
porque mordi a lingua a semana toda.
Eu continuo falando lixo,
mas eu nunca digo nada.
E falar leva a tocar,
e tocar leva ao sexo,
e então não sobram mistérios.
"
Rilo Kiley
Portions for Foxes
Apesar do esforço, foi absurdamente dificil conjugar os verbos no passado.
Peguei um ônibus errado. Me frustrei quando ele virou na esquina errada, xingando mais alto do que queria. O rapaz ao meu lado se assustou. Sorri para ele, com a cara toda vermelha - acho que fiquei monocromática, já que estava ruiva.
Olhando pela janela, começei a fazer planos. Desceria em um terminal, pegaria outro ônibus. Poderia fazer outra conexão e descer em frente à confeitaria (convite para um café, já que eu desmaiava de sono), ou ir a pé de lá mesmo, matando tempo para evitar estudar.
Começei a relembrar os dias anteriores. Como você só percebe que faz falta quando perde. Que algumas coisas simplesmente não tem motivo, então não me adiantaria de nada perguntar porquês. Que quando uma pessoa faz algo que acha errado, não conta detalhes ao admitir... Que não adianta ser justa em um mundo injusto. Que você toma lados mesmo quando quer ser neutro. Que o lado que escolhe sempre tem a ver com a emoção que se sente, e com aquilo em que se quer acreditar.
No domingo me descontrolei. Um rapazinho simpático e querido sofria de coração partido, e desabafava devido a um porre. Dia de merda, aquele. Ele dizia querer morrer. Então, corri em sua frente e lhe estapeei o rosto. O único assunto em que ele não podia tocar era aquele. Caí no choro e corri para trás de uma pilastra. "Você realmente anda psicótica", pensei. Por entre as lágrimas e as mãos em meu rosto, vi aqueles all stars brancos-quase-pretos, com solas arrebentadas. Chorei mais ainda.
Tentei explicar, entre soluços, a razão do descontrole, da bofetada e dos gritos. Quando uma pessoa mais nova sofre por menos do que você e pensa em se matar (mesmo que bebados não pensem), as coisas deixam de fazer sentido, certo? Afinal, se algo lhe ocorresse, seria uma justificativa para que eu pensasse na opção... E eu não queria pensar. Deixei implícito para o dono dos all stars que aquilo era culpa dele. Acho que ele fisgou a história...
Sequer vi quando os outros foram embora. Me atrasei quase quatro horas para chegar em casa. Ficamos conversando. Acabamos nos abraçando. "O que mais me faz sentir sua falta é o seu cheiro", ele sussurrou. Fiquei branca: "depois depois de todo esse tempo, e depois de tudo isso, só agora você me diz que cheiro bem?!". Quase quis dar-lhe um tapa, mas me contive com seu sorriso...
Aah, minha mania de impossível. Sempre desejando aquilo que não alcanço. Desde o brinquedo na última prateleira da loja até... Bom. Deixa quieto. Enfim, meu maior defeito, o mais irremediável. E ainda mais com o agravante de ter um vício - qualquer sorriso, qualquer toque dele... São meus tesouros. Momentos que guardadei para sempre. Como viciada, não me importo de onde vem a droga. como chega. Apenas a desejo.
Por causa dessa mania errática é que vi o terminal em que planejava descer passar pelas janelas do ônibus. Pensei dissimulada um "aah, que droga... Bom... Agora é tarde. Será que ele está em casa? Daqui é perto, posso chegar em questão de minutos" e mudei meu rumo. Descobri que o destino original não era nada, comparado com o lugar onde queria estar.
Quem sabe assim poderíamos consertar a história, para que o pretérito não fosse mais necessário?
Acho que não me importo se ninguém mais gostar do que escolhemos - ou melhor, escolhi - como enredo. Me basta minha dose regular de G.A.C., e ao diabo com o resto.

Porque nem te odiando, deixei de te amar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

sono.

"fala a verdade, por favor,
diz que é mentira esse rumor,
que você anda sofrendo,
que você anda morrendo de pavor.
"
Ludov
Dorme em Paz
Cada vez em que me deito é a mesma coisa. Acendo um abajur, alcanço um livro. Tento me vencer pelo cansaço. Nunca venço ou sou vencida. Fico na eterna queda-de-braço entre pensamentos infames e sono.
O silêncio do quarto incomoda. Irrita tanto que me pego mentalizando o som da sua respiração, seus murmúrios noturnos...
Depois de mais uma noite inteira insone, simplesmente desisto. Espero o amanhecer, sentada na calçada da casa, xícara de café na mão.
Cada gole da bebida amarga intensifica o gosto da minha esperança.

Menti. Ergui uma fachada de conformidade.
Não preciso que prove que estou errada.
Eu continuo a negar incessantemente que estou.

Até lá, supero cada dia de transtorno pacientemente.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

fracasso.

"Não vou mais ficar aqui sem compreender;
sei que tudo há de vir no seu devido tempo.
Quem me dera dar o mundo pra você
e um pouco mais de paz.

Mas, minha linda, hoje não será
ainda o dia em que seremos felizes."

Ludov
O dia em que seremos felizes
Não estou aqui para nomear culpados e apontar dedos.
Estou aqui para admitir minha parcela de erros. Por ser tão irritante, insensível, além de exigente e infantil, jamais consegui enxergar totalmente tudo que fiz.
Decidi me controlar quando já era tarde demais. Me calei para que as palavras não estragassem os momentos, já que minha sinceridade chega a doer. Juro que tentei, por dias a fio. Guardei para mim, até que me perguntou o porque do meu mal-humor.
Tentei confiar, mesmo sabendo que não conseguiria. Me sinto a maior mentirosa do mundo por isso.

Fracassamos, a ponto de as brigas serem mais numerosas que os bons momentos. A dor que sinto a cada minuto nessa richa dilacera meu peito. Discutimos quando falo, quando calo, quando corro, quando fico...
Se o preço para isso parar for ter que te deixar, então, estou disposta a pagá-lo.
Mas só se esse for o preço para que paremos de sofrer a longo prazo.

Queria que fosse mais fácil.
Depois de quatro finais, acho que não espero nada diferente.
Demorou para que eu conseguisse admitir isso.

Por favor, prove que estou errada!
Mais uma vez, por favor!

sábado, 7 de novembro de 2009

verde.

"Moço, hoje eu vou querer
a comida mais estranha,
a que menos se pareça comigo.
Tô me sentindo meio janta hoje...
Tô me sentindo meio arroz com feijão.
"
Pato Fu
Prato do Dia
Acordei me sentindo "verde". Sinceramente, nao sei o que significa.
Seis horas da manhã levantei, tomei banho, fui pra aula, enchi a cara de café, me desesperei, saí da faculdade e... Ainda nessa cor, tão abundante.
Achei que fosse verde esperança. A promessa do sol, escalando o cenário azul para uma sexta-feira, que deveria ser a melhor entre as últimas que vivi.
Mudei de idéia. Era verde abacate, aquele tom estranho de casca grossa, fruto pesado, quase neutro.
Desbotou e virou um tom pastel de verde. Sem sal, nem açúcar, nem graça, nem destaque.
Acabou comigo em um dilema entre estar preta ou estar branca: que é pior? Ausência de luz, ou ausência de cor?
Se ao menos o tom fosse mais constante...
***
Sobreviver é fácil.
Respire, coma, durma, beba.
O foda mesmo é viver bem.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

cansaço.

Desisti do calor do momento. Simples assim.
Se, além das altas temperaturas de Curitiba, ainda tiver que suportar o calor do momento e o fervilhão de emoções, virei a desfalecer em suor e lágrimas. E aí não sobraria um pedaçinho gelatinoso de Mila - quem dirá, então, sólido.
Desisti de provar meu ponto de vista, de acertar as contas...
Como não sou perfeita, mantive alguns rancores de gente tão insignificante que esqueço na maior parte do tempo.
Perdoei a mim e pedi perdão. Desta vez, com sinceridade.

Assim, deixando estar, me atirei na noite clara e quente. Culpei tanto a lua cheia quanto a Walesa pelo meu desejo súbito e saquei o telefone:
- Oi, tá em casa?
- Estou, porque?
- Posso ir aí?
E então, me calei, para evitar que o veneno de meus lábios arruinasse tudo mais uma vez.

Lembrete: sextas feiras são perigosas.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

consolo.

Escrevi isso há uma semana, mas não postei porque achei bem-humorado demais pro meu estado de ânimo no dia... Como estou mais risonha agora, vou liberar.
Tem direito até a emoticon hoje. =]

Simplesmente morro de raiva quando as pessoas tentam me consolar, por mais nobres que sejam as suas intençoes. Acho que é por isso que pareço indiferente à dor dos outros - não me movo. Faço de conta que nada aconteceu. Não toco no assunto e ponto final. Uma hora passa, pra quê discutir mais que isso?
Contei para minha mãe do término do namoro que mais me deixou esperançosa em toda minha vida. Depois de quase uma hora suportando minha querida mãe, que sempre se opõe a mim nesse tipo de pensamento, decidi fazer uma lista de coisas que não quero ouvir. Nunca. Não importa de quem, não importa porque.

  • "Não é o fim do mundo!"
  • Não importa se não é, por mais que eu o saiba. A última coisa com que quero me preocupar agora é guerra, aquecimento global, poluição...
    • "Calma, não é como se alguém tivesse morrido..."
    Tudo que eu precisava pra me animar: um cadáver! Yayyy...!
    • "Vocês ainda podem ser amigos."
    Eu namorava com ele. Amizade é como ser rebaixada de gerente pra faxineira.
    • "Ele nem era tudo isso."
    Ótimo. Faz parecer que joguei todo esse tempo no lixo, que namorei com um inútil. Essa é a que me dá mais raiva.
    • "Vai ser melhor daqui pra frente."
    Claro... Antes eu tinha um namorado. Lindo, charmoso e engraçado. Agora eu tenho chocolate. Aham... Até parece.
    • "Ele não te merecia."
    Avisa antes que eu me envolva, da próxima vez.
    • "Você arranja alguém melhor."
    Desafio: encontre alguém melhor. Tá foda achar até um ruinzinho simpático...
    • "Vai ver, não era pra dar certo."
    Se eu acreditasse em destino, talvez engolisse. Mas como não acredito...
    • "Antes agora do que daqui há alguns anos."
    Não tenho ironias pra essa. Só acho deprimente que digam.

    Não quer que alguém como eu te odeie quando tentar ajudar a melhorar?
    Leve pra sair, conte uma piada. Pague uma bebida. Fale sobre o clima, que seja, mas não encoste na ferida, $#*%@&!

    quarta-feira, 28 de outubro de 2009

    cacos.

    "Carlos, sossegue, o amor
    é isso que você está vendo:
    hoje beija, amanhã não beija,
    depois de amanhã é domingo,
    e segunda feira ninguém sabe
    o que será.
    "
    Não se Mate
    Carlos Drummond de Andrade
    Achei que havia me conformado, mas ainda estou em negação. A fisgada no estômago quando lembro do que foi e do que não será acaba com qualquer dúvida.
    A dor passou... Sobrou o vazio da saudade, que preencho com xícaras e mais xícaras de café.
    Não sei mais o que é pior. Prometo não mais buscar culpados para o assassinato de uma relação.
    Será que já me esqueceu?

    segunda-feira, 26 de outubro de 2009

    anestesia.

    Senti vontade de magoar.
    Não apenas fazer doer. Destruir. Causar uma cicatriz. Afinal, o universo não é justo. Porque eu deveria ser?
    A verdade é que só queria sentir. Não mais estar indiferente.
    Não deu certo nem errado. Nem contentamento, nem pesar por você.

    Só por mim. Quando decidi me rebaixar assim?
    Justo eu que queria ser superior...

    Onde fui parar?

    sábado, 24 de outubro de 2009

    sabores.

    "Tudo que eu sempre te dei
    quando você quis que eu desse,
    tudo que eu sempre te dei foi dor
    e um olhar à distância.
    Tudo que eu sempre te dei
    quando você quis que eu desse,
    tudo que eu sempre te dei foi pesar.
    Você está doente até os dentes?
    "
    What did I ever give you
    Kaiser Chiefs

    Corram e peguem suas colheres! Um mundo de sabores os aguarda! Basta abrir a janela e sentir o gosto da brisa! Lamba o que quiser. Um poste te agrada? Morda-o!
    Aproveite tudo que puder sentir. Cada cheiro, cada gosto.
    Para mim já tanto faz.
    Estou amarga mesmo.

    ***

    Cada vez que algo sai errado, morro de medo.
    Cada vez que morro de medo, ponho os pés pelas mãos. Quero parecer o que não sou.
    Cada vez que visto uma máscara, magoo alguém. Meço mal as palavras. Faço escândalo.
    Se serve de algum consolo, magoo a mim mesma.
    Mas, pelo menos, com a dor que me causo, consigo conviver.
    Eu tento. Juro que tento. Mas não sabia que a punhalada que me deste tinha sido tão profunda. Eu, que não confio em mim, confiei em você.
    E agora, o que me resta?

    Nem eu sei ao certo o que isso deve significar.
    Talvez seja melhor mesmo ficar distante.

    ***

    Se alguém me odeia por ser fraca sou eu mesma.
    E o pior de tudo é que sei exatamente a intensidade dessa minha fúria.

    quinta-feira, 22 de outubro de 2009

    remendo.

    Não sei se é paranóia minha e na verdade, não quero descobrir.
    Já enterrei tudo que se passou. Mas, ainda assim...
    Nós duas não conseguimos ser felizes ao mesmo tempo.
    Espero que essa agulhada doa no seu peito.

    ***

    O prazo para confissões e pedidos de desculpas expirou no dia vinte de outubro. Não adianta nem tentar.
    Agora fodam-se, mentirosos, vadias e vermes.
    Mesmo que eu não saiba quem são vocês, escória.

    ***

    Retalhos de pensamentos interligados por uma mente doentia.

    ***

    Em minha experiência, posso dizer que existem dois tipos de ciumentos:
    1. Aqueles de confiança nula; não acreditam que você (segundo a mente distorcida deles) consiga ficar com ele e ser fiel. Chama-se também insegurança. São aqueles que te irritam e acabam te induzindo à traição.
    2. Aqueles de passado negro; não acreditam em quantas garotas já fizeram de otárias. Duvidam que qualquer ser humano possa ser diferente. Por mais canalhas, são aqueles que você mais ama. Têm mel, os infelizes.
    Mas eu ainda acredito que eles têm salvação.

    dois pontos.

    Os primeiros minutos naquela sala se arrastavam. O clima estranho pesava em cima dos ombros. Sentei no sofá. Falamos de tudo, menos do que importava, para tentar discontrair. Quando percebi, disputávamos as almofadas, exatamente como nas outras vezes em que estivemos ali.
    Não demorou para que elas começassem a voar. Sem me virar, vi uma delas passar bem ao lado de minha cabeça. Almejou um vaso, ao lado da televisão. Em seguida o barulho de vidro atingindo o chão. Cacos por todo o lado. Paralisei-me. Perdi a respiração. Até rirmos novamente.
    Quando percebi, estava sentada no chão ao seu lado. Brigávamos como crianças, ao tentar fazer cócegas um no outro, sorrisos bobos. Como se os últimos quatro dias não houvessem existido.
    De repente, me encarava diretamente nos olhos. Menos de um palmo separava os narizes. Mais uma vez perdi o ar. Lembrei-me de como seu corpo parecia quente, junto ao meu. Estremeci. Seus olhos, tão lindos me encaravam, indecisos entre o verde e o castanho diante do sol da tarde.
    O que pareceu uma eternidade precedeu o beijo.

    Jamais me esqueci de como era bom poder abraçá-lo, como se fosse feito sob medida para mim, poder beijá-lo.
    Mas, de repente... Pareceu melhor do que jamais foi.
    E os cacos foram esquecidos até a hora em que peguei minha bolsa.
    Não percebi, mas acho que saltitei pela rua.

    Adicionando mais dois pontos ao ponto final, conseguimos uma reticência.
    Continuidade implícita. Melhor deixar a imaginação voar.

    E pensar que o mundo havia parado para mim por quatro dias...

    segunda-feira, 19 de outubro de 2009

    ponto final.

    A verdade é que não disse tudo que queria. Não conseguiria por em palavras tudo aquilo que passou na minha cabeça. E depois de escrever isso, sei que vou pensar em muito mais no que dizer, e sempre vão haver lacunas a serem preenchidas.
    Eu sei que sou patética, mas não escrevo isso com a intenção de que você mude de idéia. Talvez com um pouquinho de esperança, mas isso não vem ao caso.
    Dói demais. A fisgada no estômago ao te ver chegar. O desconforto por estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo. E pensar que há alguns dias apenas eu fazia planos... Cada pequeno edifício me dizendo "olha, esse parece bom, não deve ser caro. Pequeno, mas quem se importa? É longe, mas mesmo duas horas de ônibus compensariam para poder chegar em casa". Por que casa virou sinônimo de "com você".
    Não me distraio por mais de cinco minutos. Sempre volto ao mesmo ponto. Sempre lembro das mesmas coisas. Acho que eu tentei me mostrar forte ao ficar com aquele garoto, mas passei da medida. Admito. Pensando bem, acabou sendo um teste. Fui egoísta e acabei machucando tudo ao meu redor. Gente que nem tinha nada a ver com essa nossa história. Acho que já recebi meu troco.
    Quando eu estava nervosa e despejei tudo aquilo na sua cara, o meu maior medo não era um tapa. Eu conheço o seu temperamento, e sabia do risco que sofria, mesmo sendo uma criaturinha medrosa. Até me surpreendi comigo mesma.
    O meu maior medo era te ofender mais do que pretendia. E, de certa forma, também era minha maior vontade.
    E, eu sei que você teme ser como o seu pai, mas ter algo a evitar já não diz algo sobre você mesmo? O seu remorso não é mensagem o suficiente para te dizer o que é certo e é errado? Todo mundo tem seus momentos desfreados. Nada do que você faça neles vai mudar o rapaz que conheci quando eu deitava no seu ombro, de mãos dadas, falando besteira, ou naquele ônibus amarelo com portas assobiantes.
    Só que a verdade é que não cheguei a te conhecer por completo. Nunca consegui transpassar algumas das barreiras que você me impôs. Parte por não tentar o suficiente, parte por não ser bem-vinda. Achei que com o tempo você se abriria mais; me enganei um pouco. Me pergunto se isso teria mudado alguma coisa.
    Aliás, me pergunto se várias coisas não teriam mudado algo, por mais mínimo que fosse. Havia algo na sexta que eu pudesse dizer que te fizesse mudar de idéia...? Mesmo sabendo que não, ainda me pergunto.
    Então, só pra terminar o que eu realmente precisava te dizer até esse momento, lá vai o que eu queria ter dito desde o começo dessa grande piada sem graça:
    Sem querer parecer implorar - diferentemente do que parece - você saibe como me encontrar, e eu acho que ainda vou demorar um pouco a parar de tremer toda vez que lembro da gente. Eu diria que não sei se consigo esperar tempo o suficiente, mas, o que sinto não se mede em dias nem meses. Além do mais, e se tempo suficiente for tempo nenhum...?
    Sou burra e iludida, não precisa nem dizer; o problema é que essa esperançinha boba é o que me faz querer respirar.
    Eu não vou desaparecer. Não vou ignorar o que passamos juntos, nem a pessoa que você é, e, por isso, não conseguiria nem que quisesse ter raiva de você. Mesmo achando que um pouco você merecesse.
    No mais, espero que você fique bem. Mentira, espero que você morra de saudades de mim. Mas acho que a primeira opção fica mais bonita para se dizer, né?
    Se for mesmo pra ser, que você seja feliz. Que resolva seus problemas pessoais, se esse for o custo para você encontrar outra garota absurdamente aleatória e irritante que você odeia, acabe se apaixonando e a faça feliz como, apesar dos maus momentos, você me fez.
    De todo esse tempo, saiba que só contaram como essenciais para mim aqueles entre quinze de maio e quinze de outubro.

    E, só agora... Um ponto final de verdade.
    Mesmo que eu relute que seja o fim.
    Queria poder ser forte, lutar e dizer que não é.
    Mas nós dois sabemos que você é mais forte que eu.

    sábado, 17 de outubro de 2009

    desilusão.

    A melhor analogia que consegui fazer é ruim.
    Como se abrisse uma vala, arrancou parte da minha história consigo. De um lado, o que era antes. De outro, o que não quero ser. E no meio, aquela imensa ausência.
    Nenhuma ponte. Nenhum desvio. Me aproximo da borda, olho para baixo. Sinto vontade de pular, tentar completar aquele espaço.
    Não esperava que fosse ser para sempre. Só esperava que fosse por todo o resto.
    Tudo que tenho tem o seu cheiro. Cheiro de saudade.

    Eu sei que sempre quis ser sensível. Sempre me confrontei com meus sentimentos, mesmo que em silêncio.
    Mas, sinceramente, o que mais quero agora é não sentir. Quero me anestesiar.
    Deixou a marca em meu corpo, minha alma. Fez isso ser parte de mim.
    E agora, faz com que eu queira me esquecer de quem sou.

    Se eu não tivesse te soltado daquele abraço...

    sexta-feira, 9 de outubro de 2009

    crescer.

    Depois de anos, finalmente me obriguei a tirar os pôsters da parede.
    Três razões foram importantes na decisão: a primeira e mais estranha é que, depois de tanto tempo, as pontas do papel deles não aguentariam mais tachinhas. Não fosse a reforma da casa, eu talvez tivesse deixado eles ali por mais um tempinho.
    A segunda é que eu não gosto mais tanto de Marilyn Manson, Evanescence, Harry Potter e Star Wars...
    A terceira é que agora não gosto de papel pendurado. Em geral. Aderi um estilo mais "clean".

    Pois é. Por no mínimo seis anos, eu tinha Anakyn Skywalker ao lado da minha cama, com aqueles mullets bem loucos do segundo filme (ganhei o pôster no cinema, em 2002, na estréia!). Houve um tempo em que eu dormia olhando para ele. Quase considerei cortar fora a Natalie Portman. Até que chegou o ponto em que larguei meus ídolos. As paixonites de adolescente...

    Acho que esse é o tipo de coisa que se faz quando crescemos...
    De repente essas paredes brancas me parecem tão saudosas e melancólicas!

    quinta-feira, 8 de outubro de 2009

    futuro.

    Não é mais sobre o que eu tenho vontade.
    Se fosse sobre o que eu preciso, seria melhor.
    Agora é sobre o que esperam de mim...
    É sobre aquilo que tenho que fazer.

    Virou fogo cruzado.
    E eu no meio, com o que parece um alvo no meio da testa.

    Estou cansada. A reforma da casa coincidiu com a data das primeiras provas do semestre, e a entrega de um trabalho.
    Fico pensando no futuro. Será que estou cavando a minha cova?

    Espero que seja só nervosismo.

    segunda-feira, 21 de setembro de 2009

    conto de fadas.

    Eu havia me esquecido das princesas...
    Quando menina, eu adorava contos de fadas. Foram a primeira forma de literatura com a qual tive contato. Assim que aprendi a ler, devorava livros e mais livros ilustrados, que contavam a saga de garotas ao finais felizes.
    Algumas dúvidas apareceram, enquanto eu crescia, até que um dia, perguntei à minha mãe o que acontecia depois do infame "felizes para sempre". Respondeu-me que formavam uma família, viviam em harmonia, tinham filhos, netos, envelheciam ao lado do príncipe...
    Eu imaginava minha mãe como uma rainha, com seus cabelos escuros e olhos verdes. Mesmo em um moleton surrado, em frente ao fogão, aquela figura tão maior que eu ofuscava minha vista. Meu pai, então, não podia destoar - os ombros largos sequer precisavam de uma capa vermelha para que fossem da realeza. O brilhar da careca, para mim, era a mesma coisa que o reluzir de uma coroa. Eu ficava empolgadíssima quando ele voltava dos afazeres reais para o sofá da sala. Tomava o controle-remoto como um cetro e decidia o que passaria em nossa televisão. Toda a janta em família era um banquete. Eu comia devagar, às vezes devomorava horas inteiras para terminar um único prato - e a rainha se recusava a deixar que minha refeição esfriasse, então ordenava ao microondas (várias vezes por noite, aliás) que a mantivesse quentinha.
    Mas me esqueci rapidamente da vida no palácio. Revendo tudo aquilo, parece até surreal; como se nunca tivesse vivido aqueles momentos. Talvez seja porque jamais voltarão.
    Anos mais tarde, me revoltei com as mesmas histórias que um dia adorei. Eram estúpidas e impossíveis. Foi a parte mais rebelde de minha vida, onde eu questionava desde a cor dos semáforos até o sentido da vida. Porque espalhar livrinhos ilustrados pelo mundo inteiro, se o rei e a rainha do meu castelo não poderiam ficar juntos? Porque, se, saindo daquela casa verde, eu deixara de ser a princesa?

    Então, enterrei o glamour das lendas. Nunca fantasiei um vestido de noiva, ou uma decoração de igreja. Nunca sonhei com cavalos brancos, nem príncipes. Até porque, depois de sair do castelo, descobri que não apenas não era uma princesa, como que era também uma desajustada social.

    Só agora volto a sonhar - com a pontinha de um dos pés no chão, só por segurança. Meu príncipe tem um sorriso lindo, e três piercings (até o exato momento). Meu cavalo branco foi um ônibus biarticulado laranjado. A fada madrinha tinha cabelo cor-de-rosa. Um violão acabou tomando o lugar do dragão, só para garantir que a história tivesse ao menos uma cota de violência. A bruxa malvada (que ainda vaga por aqui e ali, discretamente me oferecendo maçãs) foram meus defeitos.
    Se bem que, tendo o príncipe absurdamente inusual ao meu lado, valeria a pena viver como Branca de Neve por toda uma vida.
    Mas o caminho ainda é longo para chegar lá. Então, vamos de mãos dadas!

    quinta-feira, 17 de setembro de 2009

    4 meses!

    Sinceramente, não faço idéia de como mantive minha sanidade intacta durante os últimos meses.
    Ainda assim, antes perder a razão do que voltar ao que era antes - como Camões já dizia, "sem amor eu nada seria". Além de bonitas, palavras reais.
    Depois que se experimenta a sensação, não há mais volta. Qualquer ausência de êxtase é sinal de anestesia. Vício que nem ao narcótico mais pesado se compara.
    A verdade é que sobrevivi. Sem ter um ataque cardíaco a cada momento feliz, e sem me despedaçar a cada briga.

    Sou teimosa, mas amo ele.

    domingo, 13 de setembro de 2009

    havaianas.

    Acho que o post vai ficar meio sem-pé-nem-cabeça, mas lá vou eu~~
    Lá estava Mila, sentadinha em um Santa Bárbara (ônibus que vai do campus Politécnico até a Praça Rui Barbosa, no centro da cidade), tentando se distrair, quando ouviu uma conversa entre dois outros universitários, sentados logo atrás dela. Como o tema era interessante, a criatura ficou com isso na cabeça por quase três dias, até finalmente conseguir chegar a um computador com internet e despejar isso na cabeça de quem quiser ler!

    Que a maioria do marketing publicitário é feito de absurdos, pouca gente discorda. No entanto, alguns se destacam mais do que outros - são aqueles que me fazem querer rachar no meio a cabeça do imbecil que teve a idéia absurda de transformar algumas coisas em propaganda.
    Estou aqui para expressar a minha revolta em relação aos comerciais das sandálias Havaianas.
    Antigamente, a publicidade da marca era simples, até meio boba. Muita gente assistia os intervalos de programas bufando - algo como "humpf, como eles acham graça nisso?". Mas com falta de graça está todo mundo acostumado, então, ao menos, não fazia mal.
    O problema é que a empresa decidiu criar comerciais controversos, com ideologias absurdamente infundadas. O choque começou com o seguinte comercial:

    Não sei se é porque eu sou o tipo de pessoa oito ou oitenta, mas, para mim, parece é que o cara que escreveu isso queria mandar tudo às favas. Algo empresa alguma deveria fazer, por sinal, ainda mais no estado em que o mundo está...
    Não sou o tipo de pessoa que pára uma roda de samba para falar sobre o fim dos tempos (personagem desnecessário, abusivamente caricato), mas ainda assim me senti ofendida - me imagino agora no papel da personagem toda a vez que comento com alguém, por exemplo, que odeio quando meus vizinhos vão lavar a calçada com mangueiras, sem vassoura, e acabam por limpar parte do asfalto da rua (?).
    Quando eu achei que ia parar de erguer as sobrancelhas e comentar "que droga de campanha!" todas as vezes que visse os comerciais das Havaianas, apareceu o das Havaianas fit:

    Eu, partircularmente, acho que sexo é uma coisa que não se discute de graça. A velhinha dando lição na neta, por exemplo, me parece amoral - principalmente em tempo de AIDS, doenças venéreas e tudo o mais, onde a coisa menos segura que há é ter um envolvimento puramente físico. Estou longe de ser puritana, mas não acredito que sexo casual realmente faça alguém se sentir bem. Mas, voltando ao tópico, opiniões a parte... Se eu tivesse o calibre mundialmente famoso das Havaianas, evitaria a polêmica.

    É por coisas assim que eu boicoto algumas marcas. Deixando claro, eu uso Ipanema como chinelo.

    Encerro a discussão por aqui devido a motivos de conforto - dor de cabeça, sono e fome combinados. Quem quiser opine, quem não quiser não precisa.

    quarta-feira, 2 de setembro de 2009

    mudanças.

    Sumi por mais tempo do que deveria. Quem tem meu msn percebeu - nada mais de logar por semanas inteiras, ou passar horas de papo com o vento!
    Algumas decisões importantes merecem minha atenção, até que algumas coisas se resolvam. Se tudo der certo, minha vida vai mudar drásticamente. Mais responsabilidades, mais compromissos... Mais liberdade.
    Enfim, nada que possa ser discutido até estar tudo certo.

    Pois bem, continuando nessa linha, o assunto de hoje são mudanças.
    Fico feliz em perceber que a maioria dos meus colegas está amadurecendo. Isso me impulsiona com um pouco mais de intensidade - se eles conseguem, porque não eu? Afinal, sempre almejei as mesmas coisas que a maioria dos adolescentes, como sair de baixo da asa dos pais, aprender a viver sozinha.
    Um dia eu fui uma otáriazinha que se achava boa demais. Tomei na cara e aprendi que ninguém é o que pensa de si mesmo. Ser consiste em uma pessoa para observar. A típica dúvida: se uma árvore tomba no meio de uma floresta vazia, ela faz barulho?
    Depois, fui uma outra imbecilzinha, que se lamuriava pelos cantos, fazendo papel de vítima da sociedade. A época mais revolta da minha vida, que, acredito, seja a razão dos distúrbios na paz da relação que tenho com minha mãe. Eu berrava contra as injustiças, condenando a mim mesma por ser parte de uma parcela privilegiada da sociedade.
    Então, mudei mais uma vez. Na real, acho que digivolvi, e virei uma ativistazinha de merda, antes mesmo de ser cult ter opinião sobre tudo e no fim não fazer porra nenhuma. Isso aos quinze anos.
    Percebi que não tinha sucesso e assumi minha postura mais desligada. Mandei tudo às favas e simplesmente aproveitei o que a vida me dava. Desde que não exigisse esforços, claro!
    Até que, nesse exato momento, decidi me esforçar e conquistar coisas por mim mesma. Acho que tenho sucesso quebrando a inércia que me impedia de me mover, como comentei no último post. Espero que dure bastante essa paciência de atingir objetivos... Afinal, empenho é palavra nova no meu vocabulário.
    ***
    Aliás, aproveitando o tema, vou dar uma agulhada desnecessária em certa criatura. Duvido que o ser em questão ainda leia essa droga de blog. Entretanto, se ler... Saiba que isso não é uma opinião pessoal. Aliás, nem pode ser, afinal, tenho minha parcela de culpa no cartório em relação ao caso.
    Ah, outra coisa. Se ler, saiba que ficar chateado não muda o que várias pessoas sentem a seu respeito. Só uma postura diferente pode fazer isso.
    Sabe aquele playboyzinho que fica mudando de amigos de seis em seis meses porque acha que ninguém é bom o suficiente? Aquele que tenta comprar amizades com festas, e depois acha que todos que ele convidou foram interesseiros? Aquele que se acha no direito de dar cantada nas meninas que foram na casa dele, mesmo que elas estejam acompanhadas? Bem aquele, que depois disso tudo, não sabe porque o pessoal evita ele.
    Não é que as pessoas queiram a sua grana. É que sem ela, você não se sente poderoso. É que sem ela, você não acredita que tem poder. Dinheiro por dinheiro, você ainda tem - porque, então, será que ninguém mais te chama pra sair?
    É aquele playboyzinho, que depois de levar dois ou três cortes, diz que a galera com quem ele está saindo é mais legal que o outro grupo... Sendo que, quando o conhecemos, ele já conhecia várias pessoas com as quais ele sai agora, e dizia a mesma coisa a respeito deles.
    O que será que isso diz a respeito de um marmanjo?
    Perdão se a gente se esforça pra estudar e conseguir uma grana pra sair, enquanto pra você tudo é fácil. Perdão se ninguém precisa te ver esfregar na nossa cara que você tem, sozinho, verba pra pagar a nossa vaquinha do gole, e que você sempre dá mais pra inteirinha. Deu porque quis, porque podia colaborar do mesmo jeito que todo mundo faz.
    Perdão por a gente ter as amizades e as piadas.
    Acho que exagerei, então, meu último perdão por ser tão dura, fria e seca.
    Se ler isso, defenda-se. Mas não pra mim. Pra quem ainda se importa um pouco contigo, e já disse isso na sua cara.
    Que eu tô é pouco me fodendo.

    quinta-feira, 27 de agosto de 2009

    inércia.

    Pois é. Mês complicado, semana estranha. Aquela sensação esquisita na boca do estômago de que tudo tende a ir ralo abaixo, não importa o quando você se esforce.
    Não sei se eu sou burra por sofrer antecipadamente por planos frustrados, ou por fazer tantos planos absurdos. Há ainda a possibilidade de ser burra por imaginar e não correr atrás.
    Nunca fui uma criatura muito esforçada. Na escola, não fazia tarefa. No terceirão, dormia na aula. Na faculdade, não estudo muito. Saia (e continuo saindo) todo fim-de-semana. Lógicamente, conquistava uma ou outra coisa, mas nada comparado ao que poderia ter se me empenhasse...
    Na verdade, isso é algo que me frustra muito. Essa tendência de permanecer no mesmo ritmo, que parece me afetar mais do que ao resto do mundo. Essa inércia, que às vezes me impede de agir. Sempre acima da média, mais por sorte do que vontade... Mas não muito acima. Nunca muito acima.
    Isso aí. Tenho feito um trabalho quase de osmose pra fazer isso entrar na cabeça. Quando acordo, a frase escrita no espelho com caneta preta me diz para estudar, arrumar o quarto, ligar para a mãe... A mesma coisa com caneta azul na agenda, caneta laranja colada no monitor do computador, nos dias de mais desespero, caneta roxa no ante-braço (cubro-o inteiro, só por garantia).
    Não funciona todos os dias, mas em alguns até que dá certo.
    Hoje, por exemplo, fiz faxina. E não morri depois disso!

    quinta-feira, 20 de agosto de 2009

    the lost room.

    Acabo de assistir o primeiro episódio de uma série do Sci Fi Channel. Chama-se "The Lost Room" (O Quarto Perdido, em uma tradução literal do inglês). Sinceramente me deprimi pelo fato de que ela não foi legendada ainda pelo canal para ser transmitida ao Brasil (aham, tive que usar o meu método não-oficial para assistir).
    Pois bem. A série é curta, tem cinco episódios (três transmitidos pela tv paga americana e outros dois que só foram descobertos por quem comprou o dvd), e foi disponibilizada para download na internet. Aaah, como eu amo os avanços tecnólogicos! Santos hard drives que armazenam programas inteiros! Como eu já disse antes, longa vida ao compartilhamento gratuito de cultura! Mas, enfim. Deixemos isso de lado, já passei por esta discussão mais de uma vez por aqui.
    O fato é que adorei a série. O Sci Fi normalmente não cria grandíssimas produções (que o diga aqueles filmes asquerosos deles), mas nessa eles capricharam. A começar pelo elenco, escalado de várias outras séries que quem tem tv a cabo já acabou por assistir: "Dirty Sexy Money" (Peter Krause), "True Blood" (Chris Bauer), "Família Soprano" (Julianna Margulies), entre outros rostos conhecidos.
    Logo seguido disso, vem o enredo: imagine uma chave que abre absolutamente qualquer porta, levando o portador a um quarto de motel vazio. Uma vez lá dentro ele pode, simplesmente abrindo a porta pela qual entrou, ser transportado para qualquer outra porta no mundo! Não lembra um pouquinho os espelhos de Alice ou os guarda-roupas de Nárnia?
    Enfim. Conforme o episódio flui, o espectador descobre um mundo de objetos estranhos, cada um com habilidades diferentes - uns mais úteis, outros menos. Para listar apenas alguns, temos um relógio de pulso que cozinha ovos, um cartão de ônibus que faz pessoas desaparecerem, uma caneta que queima quem é tocado por ela, um guarda-chuva que faz com que todos ao redor pensem conhecer o dono, um lápis que faz aparecerem moedas... E por aí vai. Não lembra um pouquinho Harry Potter?
    O protagonista, Joe Miller (Peter Krause), é um detetive que, num dia normal de trabalho descobre a existência de um destes artefatos - a chave, mais exatamente. Enquanto isso, disputa com a ex-esposa a guarda da filha, Anna (Elle Fanning), com quem vive no momento. Mas, como nada é perfeito, um contratempo ocorre e ele tem que aprender a usar os objetos e combiná-los para descobrir mais poderes absurdos.
    Daí pra frente vira spoiler se eu contar, então, deixo a dica por aqui!

    terça-feira, 18 de agosto de 2009

    delírio.

    "Me leva pra sair,
    Que só te ouvir falar já me faz tão bem
    Com você qualquer lugar é a minha casa!"
    Me leva pra sair
    Dance of Days
    Claro que sempre fiz planos. Queria entrar na faculdade, tirar carteira de motorista, fazer estágio, me formar, arranjar um trabalho, me mudar, viajar para outro país... Coisas que eu faria sozinha, e somente por mim.
    Eu não esperava companhia. Talvez por ser filha única. Talvez por não ter um só amigo de infância. Ne naquela época alguém me suportava por muito tempo. Tive namorados, a maioria por curtos períodos, a maioria dos términos causados direta ou indiretamente por mim mesma. Me julgava incapaz de atingir felicidade em um relacionamento amoroso.
    Até o momento em que senti que um trem havia me atropelado, despedaçando tudo em que eu acreditava. Aliás, não um trem - um rapaz.
    De repente, ele me despertou delírios dos quais eu nunca havia sido capaz. Jamais me imaginei cozinhando, ou lavando a louça de um jantar. Procurando uma casa com alguém, mobiliando-a. Sentando no sofá depois de um dia ruim e desabafando, depois de um dia feliz e contando meus progressos. Discutindo que raça de cachorro gostaríamos de ter. Porque este tipo de sonho, senhoras, senhores e senhoritas, não faz sentido sem que se veja o rosto de quem está nele.
    Eu sei que na hora, quando ele me perguntou, não admiti. Porque sempre tenho medo de assustar aos outros com meus pensamentos. Me apavora a idéia de que ele fuja com essas bobeirinhas que passam pela minha cabeça...
    Que bom que ele não seja assim.
    Algum dia vou lhe contar tudo, e com detalhes.
    ***
    Estou absurdamente chata. Se não fechasse a janela do quarto, abelhas entrariam e se grudariam ao meu humor melequento de tão doce.
    Aconselho a quem não quiser aguentar uma garota na tpm, que se afaste por esta semana.
    Última consideração do post: três meses de namoro!
    Sinceramente não sei como ele aguenta o meu maior defeito, que é o de não ver meus defeitos.

    quinta-feira, 13 de agosto de 2009

    ibomb.

    Uma vez um amigo me disse que se recusou a comprar um iPhone porque soube sobre um caso em que o aparelho explodiu. Sinceramente, achei absurdo. Pensei que era só mais uma desculpa infantil daqueles que não têm grana e não querem admitir.
    Pois bem. Imaginem a minha reação ao dar de cara com isso em um site de notícias?!
    Com a pulga atrás da orelha, digitei algumas palavrinhas no Google e a mágica aconteceu. Só na primeira página, me dei de cara com vários acontecimentos altamente relevantes e intrigantes em relação à novíssima função bomba criada pela Apple (que a empresa tem tentado abafar, por sinal).

    Para mais informações, leiam as páginas que linkei. Lá os fatos estão considerávelmente menos resumidos que aqui.
    O primeiro caso (aquele no qual não acreditei) aconteceu no Reino Unido (mais exatamente em Liverpool). O iPod Toutch de uma garota de 11 anos superaqueceu, começou a fazer um som estranho. Assustado, o pai dela o atirou porta-afora. Estouros, fumaça, e, então, o troço voou alguns metros no ar. Li isso nesta página do clicRBS.
    O mesmo aparelho da marca também explodiu no bolso de um garoto, em Ohio, como trás nesta matéria a PCMagazine. Causou queimaduras de segundo grau na criatura e arrebentou sua calça.
    Agora, sobre iPhones. Dois casos franceses, envolvendo rapazes de 18 anos. Na cidade de Aix-en-Provence, o celular fez boom durante uma chamada telefônica anos para a namorada. O rosto dele ficou cheio de estilhações da tela, conforme reportado aqui pelo site IOnline. O outro, noticiado pela eBand (leia mais aqui): o cara ouviu o aparelho dar estalidos e depois o viu rachar-se ao meio. Como resultado, pedaços da tela o atingiram no olho. Até agora não sei o que aconteceu com a visão dele.
    O Terra Tecnologia narrou bem aqui o caso de outro deles explodindo durante um desbloqueio. Bom, este não tem fatos tão concretos (nem sei em que parte do mundo), já que a fonte original era um fórum de hackers. Ao abrir a capinha metálica, muita fumaça começou a sair. O dono, tentando resgatar o pobre carésimo aparelho queimou os dedos.
    E, para encerrar, notícia da Folha Online, nesta página aqui. Acho que este foi o acontecimento da pesquisa que mais me chocou, apesar de não ter vítimas. O dono do iPhone (sem idade divulgada, lamento, pessoal) deixou ele em standby, dentro do carro. Saiu do veículo e, ao voltar, encontrou-o em chamas! Resultado: o banco do carona foi destruído.

    Se antes eu queria um iPod, desisti. Sem dúvidas disso.

    Aliás, saindo completamente do assunto... Não é que eu estou adorando isso de transformar o blog em algo útil?! Acabei me deparando com outras coisas divertidas, ao pensar no que escrever aqui. =]

    quinta-feira, 6 de agosto de 2009

    lua cheia.

    Post dedicado à quebrar as pernas de todos aqueles que estavam celebrando, pensando que a Mila finalmente ia transformar o blog em um espaço útil! Uhul! Da-lhe romantismo de quinta categoria!

    Alimentados pelos suspiros dos adormecidos. Enquanto pairam diante do firmamento, espessos flocos de sonhos brancos dançam uma valsa, orquestrada pela mais estonteante maestra que um dia veio a existir. Estes, capturados por sua beleza, perdem a noção do tempo, se tornam adorno e palco do espetáculo. Ela, por sua vez, reina serena. Branca e distante, sabendo de todo seu poder, atiça, provoca. Inatingível, zomba de mim, pequena criatura, sentada em uma calçada a observá-la. Insignificante perto de sua magnitude. Não me irrito - aproveito o prazer que me trás o mero relance de seu brilho.
    De crescente à cheia, minuto após minuto, revela-se mais um pouco. Até mesmo o mar, o mais traiçoeiro dos amantes, conquistou. A cada centímetro desnudado, o provoca mais um pouco. Diríge-o à loucura, em dias como estes, nos quais se mostra por inteiro. Brinca com as plumas presentes em seu camarim, por segundos se escondendo, apenas para aparecer mais uma vez. Ansioso, ele espera, volve e revolve, implorando-lhe por mais tempo.
    Sob seu poder, é fácil compreender porque os lobos se esforçam tanto para entoar canções madrugada adentro. Esperam que o som de suas vozes a atinja, e que ela os ame com a mesma reciprocidade. Mas ela não ouve, ou finge ignorá-los, para que não parem de cantar.
    Depois de seu auge, mingua até quase desaparecer, deixa os admiradores em polvorosa. Todos a esperar sua volta.
    Dela as mulheres aprenderam a arte de seduzir. Pena não chegarem perto de sua imponência. Afinal, todos esposos, em algum momento, erguem seus olhos a ela.

    No entanto, não consigo deixar de me perguntar se ela mesma já amou...
    Deve ser frio lá em cima.

    terça-feira, 4 de agosto de 2009

    download.

    Normalmente, não gosto de fazer dois posts por dia, ou escrever sobre notícias - vivo no mundo da lua, e quase tudo que sei, descubro por conversas desatualizadas com os amigos. Daí não tem graça.
    No entanto, hoje, decidi ocupar meu tempo vago me atualizando, procurando curiosidades e tudo o mais que gosto de ler. Coisas engraçadas e irônicas, principalmente.
    Pois bem. Lá estava eu, fuxicando a sessão de tecnologia do Terra, quando encontrei a seguinte notícia:
    Um estudante da Universidade de Boston (EUA) foi condenado por um tribunal por ter baixado 30 músicas na internet, e em seguida compartilhá-las na web! O cara, de 25 anos, faz doutorado em Física (além de tudo, é inteligente a criatura!), e vai ter que pagar 22,5 mil doláres por cada música baixada - o valor máximo a que ele poderia ser submetido era de 152 mil dólares/música, o que torna a sua punição relativamente suave.
    O rapaz não chegou a negar as acusações, mas ficou claramente decepcionado com o processo.
    O que me lembra: semana passada, baixei mais da metade da discografia do Joy Division, um cd do Happy Mondays, mais alguns das Velhas Virgens e as três partes da trilha sonora de Grey's Anatomy. Tenho centenas de discos completos em formato mp3, de vários artistas.
    Imagine se decidissem me processar? Se decidissem processar a grande maioria dos cidadões com acesso à internet no mundo? Tava tudo ferrado.
    Aposto como até o juiz que puniu o pobre rapaz tem seus cdzinhos da Hannah Montana salvos no computador.

    O mundo está mudando, e a forma de se vender cultura não tem conseguido acompanhar.
    Minha dúvida é: "será mesmo justo vender cultura?". E a questão se estende para "será mesmo justo vender qualquer coisa?".
    Sinceramente, não tenho nenhuma idéia de como responder. Também não sei se, vivendo nesta sociedade, conseguirei chegar a uma solução.
    Até lá, vou aumentando a quantidade de gigas cheios de música no meu computadorzinho.

    Yeah, vivemos todos fora da lei!

    agosto.

    Enfim, chegamos a agosto.
    Me lembro claramente de que foi pelas proximidades deste mês, que, no ano anterior, me revoltei e mandei tudo às favas. Decidi fazer só o que quisesse, onde e com quem me agradasse. Resultado: independência, com direito a efeitos colaterais e tudo.
    O que era para ser uma fase de libertação se tornou um costume.
    Experimentei coisas novas, das quais agora não consigo me livrar. Um ano de vícios.

    Enfim. Agosto após agosto, decidi dar mais uma guinada em minha vida. Vou me tornar uma moça responsável. Alguém que saiba usar a inteligência de forma melhor.
    Sempre me julguei uma pessoa esperta. O que me leva a agir tão impulsivamente, então?
    Prometo pensar mais. E ponto final.

    segunda-feira, 3 de agosto de 2009

    teoria do amor.

    "Durante um jogo de tênis:
    - Estamos perdendo tempo! Saque de uma vez!
    - Isso é ridiculo! Como se pode perder algo que não existe?
    - Tempo não existe? Desde quando?
    - Eu não sei. Sem tempo não existe "quando".
    - Ouviu essa, Liebknecht? Mais uma teoria maluca!
    - Defina o tempo exato agora. Viu? Não dá! Enquanto você define o futuro vira passado, portanto não há presente, e o tempo não existe!
    Um senhor faz a bola ficar presa em uma árvore. Outro atira sua raquete para o alto, esta fica presa também. O terceiro repete o feito do segundo.
    - Agora é a sua raquete que não existe...
    "
    Teoria do Amor
    Fred Schepisi
    Estou aproveitando o beneficio de poder gravar a programação da Sky ao máximo! Escrevo este post assistindo ao filme de onde copiei o diálogo.
    Teoria do Amor é um filme de 1994, dirigido por Fred Schepisi. Nele, um mecânico se apaixona a primeira vista por uma linda moça, e decide se esforçar para conquistá-la. Para isso, passa a contar com a ajuda de um exêntrico personagem: Albert Einstein!
    A obra em geral é cômica, mas ainda assim consegue trazer e discutir conceitos como tempo, velocidade, luz, o universo. Além do mais, outro sucesso do filme é a irreverência - alguém consegue imaginar Einstein em uma motocicleta? Tomando café com os amigos, ajudando um rapaz a se dar bem com sua sobrinha?
    Muita gente não gosta de romances, então não insistirei muito nessa tecla. Como ainda não terminei de assistir, encerro o post por aqui neste inicio de madrugada e, talvez outro dia, escreva uma resenha mais merecida.
    Enfiim... Buenas noches.

    Editado em 03/08, às 23h57min: O filme foi regular. Acho que a idéia de se ter um cientista exêntrico como Einstein poderia ter sido melhor utilizada. Além do mais, a trama é surreal, como a maioria dos romances. A moçinha muda de idéia de repente, sem nenhuma razão muito aparente, mas, tudo bem - aceito o fato de que ela é instável tanto quanto eu mesma sou. É um passatempo bom para gente que não passa mal com muito açúcar.
    Não fossem os personagens Einstein, Podolsky, Gödel e Liebknecht, definitivamente, a obra seria um fracasso.

    sexta-feira, 31 de julho de 2009

    gripe do porco.

    "Há noites que não posso dormir de remorso
    por tudo o que deixei de cometer.
    "
    Mário Quintana
    Mais um devaneio, só pra variar. E há ainda quem pensava que este blog algum dia viria a ser útil!

    Recebi a notícia de que minhas aulas na faculdade seriam canceladas até dia 10 de agosto. A decisão abrange todas as unidades da UFPR no estado, devido ao aumento do número de casos de jovens e adultos atingidos pela formalmente conhecida gripe H1N1 (gripe suína, para os conhecidos mais íntimos).
    O problema é... Exelente. Ganhamos dez dias. Mas, no que eles realmente ajudam? Curar todos os doentes e erradicar a peste em dez dias? Acho que não.
    Uma breve conversa com meu pai me levou à uma visão absurda e apocalíptica. Não, fiquem sossegados, não sou médium nem nada. Pelo menos não que saiba. A idéia me entrou na cabeça como se fosse um roteiro de filme. Talvez eu aproveite estes dez dias para escrevê-lo, nem que seja em curta-metragem.
    Em meu devaneio, tomava banho para uma sexta-feira normal de férias. Me trocava, maqueava, e, por fim, vestia uma máscara cirúrgica. Saía para a sala, afim de pedir para meu pai abrir o portão e: tanã! Ele usava o mesmo acessório.
    Saindo pela rua, nenhuma alma-viva. O clima cinzento de inverno parecia pior do que nunca, quase negro. Dentro do ônibus, mais vazio que o usual, todos com as mesmas máscaras brancas.
    Chegando à praça onde usualmente encontrava meus amigos, más-notícias: óbito de alguém que conhecia pouco. "Vamos ao funeral?", alguém dizia. "Não sei, o que vocês acham? Na volta podemos sair para beber".
    Junto do povo, começamos a andar pela rua. No caminho, cortejo fúnebre passando pela rua vazia. Pouca gente se atrevia a ir a enterros, então apenas dois carros seguiam o caixão.
    Paramos para comprar qualquer besteira em uma banca. Numa pequena televisão, um homem de terno era entrevistado: falava sobre a crise econômica acarretada pelo adiamento de todas as funções. Funcionários obrigados a trabalhar neste período de pandemia tinham motivo o suficiente para processar os patrões - o pânico atingia a todos, uma vez que os remédios faziam pouco efeito diante do virús.

    Agora imaginem que entrou o comercial e sua mãe decidiu mudar de canal para assistir a novela. Fim de história, sem direito a reprise para saber o final!
    E não vale me xingar!
    Vou guardar o meu trunfo para caso decida realmente escrever isso.
    Mas confio que ninguém venha a roubar minha pobre idéia - poucas almas-vivas lêem este blog. '~'

    quarta-feira, 29 de julho de 2009

    nietzsche e diógenes.

    "E a forma como Nietzsche ousava dizer as coisas! Imagine! Dizer que a esperança é o maior dos males! Que Deus está morto! Que a verdade é um erro sem o qual não conseguimos viver! Que os inimigos da verdade não são as mentiras, mas as convicções! Que a recompensa final dos mortos é não morrer mais! Que os médicos não têm o direito de privar um homem de sua própria morte! Pensamentos malignos! Debatera com Nietzsche cada um deles. Contudo, fora um pseudodebate: no fundo do coração, sabia que Nietzsche estava certo."
    Quando Nietzsche Chorou
    Irvin D. Yalom
    Conversei com Erick, em estado etilico alterado (uma das poucas coisas que o motiva a ter diálogos), e acabamos por falar sobre filosofia. A discussão culminou no empréstimo de um livro, uma semana mais tarde: Quando Nietzsche Chorou.
    Demorei alguns dias para finalmente começar a ler. Preguiça, sono, etc. Agora lamento ter protelado tanto. Que livro viciante!
    O romance ocorre em Viena. Um conhecido médico judeu, de nome Breuer, é convencido por uma beldade russa a consultar um paciente - ninguém menos que o então desconhecido Nietzsche! Além disso, conta com participação especial de Sigmund Freud e citações a nomes como Wagner e Schopenhauer.
    Enfim, como estou cansada demais (essa maldita insônia ainda vai me matar!) para elaborar qualquer pensamento a respeito das questões do livro, separo este tempinho apenas para dar esta sugestão. A trama é envolvente, e cheia de assuntos interessantes, que mesmo localizados temporalmente no século XVII, não deixam de ser pertimentes na atualidade. Vale a pena para quem gosta de ler e fazer filosofia.
    Para quem não tem paciencia de ler algo com aproximadamente 400 páginas, há também a adaptação cinematográfica do livro! Produzida em 2006 e dirigida por Pinchas Perry, a versão não foi ao cinema, mas deve voltar a passar no Telecine Cult nos dias 26 e 27 de agosto.
    ***
    Por falar em filosofia, aliás, me lembrei de algo: Diógenes!
    É o nome da banda do professor Daniel, que dava aulas da matéria quando cursei o terceirão no Medianeira. Sinto falta de dormir sempre e, ainda assim, tirar notas exelentes!
    Além dele (que toca baixo, guitarra e faz vocal), integram a banda outros dois músicos (que se não me engano, também lecionam), chamados Roni (mais uma vez, baixo, guitarra e vocal) e Levi (bateria e percussão).
    Enfim, fuxicando no meu bloquinho de notas do ano anterior, lembrei de ter anotado o MySpace da banda. Por saudades do professor, um dos mais queridos de todo meu ensino médio, visitei a url. São apenas cinco músicas divulgadas, e não sei se eles têm mais. Mesmo sendo pouco, adorei! É um som meio alternativo, com letras críticas baseadas em assuntos reais: violência urbana, desemprego, entre outros.

    Vou deixar o post inconcluido e tentar dormir um pouco antes de mais uma aula. Então, farewell!

    terça-feira, 28 de julho de 2009

    sonho.

    Mais uma madrugada insone! Uuuhul!
    Tive um sonho perturbador, lá por uma hora da manhã, que me manteve acordada, por outra uma hora e meia. Não bastasse o fato de que tenho sono pesado, e normalmente não me lembro das maquinações de minha mente. Sinceramente me assustei.
    Portanto, acho que vale a pena escrever um pouco sobre isso. Talvez assim, consiga organizar meus pensamentos e voltar a dormir tranquilamente. A expectativa de esperar a exaustão para conseguir finalmente voltar ao aconchego de Morfeu não me anima.

    Estava sentada no chão, encostada numa parede. Era noite, e pensava em absolutamente nada. Comecei então a sentir meus batimentos cardíacos, numa suave melodia de veias. A respiração desacelerando... Quase como se fosse um fardo, pesada e ruidosa, se comparada ao simples fluir que sentia. Minhas costas começaram a formigar, quando me apoiei mais na superficie que vinha logo atrás de mim. Algo como uma fusão... Percebi que agora meu sangue se espalhava por toda a extensão dos tijolos. E do chão de concreto. E depois da terra, sob ele... E do ar ao meu redor. Era como se eu fosse tudo.
    Fui engolida por aquilo, seja lá o que for. Pelo mundo? A conexão era evidente. Como se minha vida fosse parte essencial deste mecanismo complexo. Deixara de me sentir como ser individual, e me tornara natureza.

    Havia outra parte do sonho, mais sensível ainda. Os esforços para relembrar as sensações desta etapa me privaram da lembrança. Basicamente, eu era regurgitada em algum ponto de um futuro, onde eu realizava alguma coisa importante que sempre quis, e lamentava coisas que poderia ter feito hoje, mas empurrei com a barriga e nunca realizei. Como conversar mais com gente que não vejo há tempo, algo que evito por preguiça.
    Me eximo um pouco da culpa, devido às atitudes inovadoras que tenho tido. Uma delas foi, ontem mesmo, ligar para minha mãe de livre e espontânea vontade, sem interesse algum, além de ter uma boa conversa.

    segunda-feira, 27 de julho de 2009

    caminhada.

    Eu sei que andava na rua. E que chovia, isso podia ouvir. O guarda-chuva era absurdamente grande e pesado. Já estava com os tênis e as barras da calça molhados, mas... Pra quê ligar? A ressaca esmigalhara meus miolos logo no começo do dia.
    Meu namorado me guiava pela mão. Eu, lenta como só, aproveitei para olhar os ladrilhos e divagar. Nunca consigo fazer isso com tanta facilidade. Preto, branco, branco, preto, banco, preto, preto... Hmm... Aquilo lembra um cristal de neve... Será que algum dia eu vou ver neve? Realizar meu sonho de ir para a Inglaterra...? Seria divertido... Poderia trabalhar. Melhorar meu ingles... E que droga de sotaque o meu... Mas não sozinha... Acho que eu ia me paralisar, sozinha. Pararia no aeroporto, olhando todos aqueles britânicos em roupas de frio, sem saber o que fazer, aonde ir. Como perguntar as horas? Sei que se pedir ride, não seria entendida, a palavra correta lá seria lift para carona... E se ninguém me entender...? E se não conseguir voltar? E se fosse atropelada? Se tivesse uma ressaca? Se me perdesse? Se apanhasse?
    De repente... Me senti criança. Mal sabia aonde estávamos, no Centro de Curitiba. Nem tinha idéia de porque fôramos tão longe.
    Pior que tudo. Me senti idiota. Dependente. Que tipo de garota deixaria de realizar um sonho porque ninguém mais quer ir junto? Se não houvessem impeçilhos, assim digamos. Quem abriria mão de um desejo de anos por não se sentir só?
    E então, o monstro transmutou-se. Não sei porque. Me vi levando meu futuro com a barriga. Sem mais passeios de rumo duvidoso pelas calçadas molhadas. Sem mais fins de semana com amigos. Só trabalho, compromissos.
    E se me casasse? Às vezes penso nisso. Aos dezoito, idade que tenho agora, meus pais já estavam noivos. Aos vinte e um, casados e com uma pirralhinha. Sem direito a viagens para a Europa, curso de ingles, término de faculdade...
    Por sorte, um calafrio me percorreu a espinha, afastando todos os pensamentos.
    Chovia e estava frio. Olho para calçadas e me sinto bem com isso.
    Além disso, tenho aquela mão, que vai fazer o máximo para me aparar se eu cair.

    quinta-feira, 23 de julho de 2009

    quase!

    "Eu sei o mal que fiz, já está feito,
    mas lhe pedi perdão por ser assim,
    e o coração que tenho no peito
    não quer acreditar
    já nem estou mais aqui,
    nem em qualquer lugar!"
    Imperfeito
    Pato Fu
    Foi foi com a parte de mim da qual menos me vanglorio que meu queridíssimo Eu Lirico se deparou neste sábado.
    Perdido há muito tempo dentro daquele edifício mal-cuidado, de corredores labirintosos, o pobre coitado só se alimentava com a esperança de conseguir a liberdade. Deprimido, reprimiu-se. Perdeu o ânimo de me mandar notícias. Sendo assim, minhas reflexões diárias se limitavam a coisas práticas: música, cinema, literatura, fofoca das amigas, alcool.
    Naquele dia em particular, enchera-se de ânimo. Vestiu a casaca formalíssima, no maior estilo poeta morto, arregaçou as mangas cuidadosamente para não arruinar o tecido, e tornou a caminhar, como se houvesse um objetivo. Pouco depois, virando em um corredor, deparou-se com um vulto que vinha correndo em sua direção.
    A criatura possuía cabelos castanhos presos em maria-chiquinhas, enrrolados com cuidado. Trajava um vestido infantil retrógrado, de mangas longas e saia rodada. Meias brancas até os joelhos, ralados por travessuras. Parou os sapatinhos de couro preto com fivelas prateadas muito em cima da hora para evitar uma colisão.
    - Quequé, tiio?
    O Eu, apesar de confuso, comovia-se com a visão de ser tão doce. Abriu um sorriso simpático, e ajoelhou-se à frente da menina. Baixou o tom de voz para algo suave, escolhendo as palavras com cuidado para agradá-la.
    - Olá, fofura... Para quê a pressa? Aonde vai, correndo assim?
    - Me chamaram láá foraa! Eu vou sair, e você nããoo!
    Empalhidecera com a criança contando vantagem. Havia ser assim, dividindo o mesmo espaço que ele naquela mente? Jamais encontrara ninguém, por ali!
    - Pode me... Hmm.. Explicar...?
    - Assim, ó: eu vô sair, fazer um fuuurdunço! Daê, depois, quando eu tiver cansadinha, volto pra durmí um poquinho. Mas se for bom meesmo, vô ficar lá baastante, e voltar bem rapidinho, só pruma soneca. É que daí eu posso sair di novo - sorria de forma maliciosa, olhinhos castanhos faíscando de felicidade.
    - Como assim... "Furdunço"?
    - A Mila me soltou. E euzinha vô lá, inxê o saco di toodo mundo!
    - E eu posso saber quem você é?
    - Euu so a criança interior mimada dela, claaro! Sabia dessa não?
    - Aahn... Não?
    - Éé, eu saio pra tacá o caos. Quando a criança fofa dela não consegue chamar a atenção, eu vô lá, fazê todo mundo olhar pra ela - com isso, colocou os braçinhos atrás do corpo, balançando-o para frente e para trás, afirmando o que dissera com o corpo inteiro.
    Eu ficara sem palavras. Além daquela coisinha, ainda havia outra?!
    - Óói, é tipo Halloween: se não dão doce pra otra, eu vo lá e faço travessuras!
    - E agora, o que houve...?
    - Largaram ela, deixaram ela di lado... Dae eu vo lá. Licencinha, mas eu to atrasada! - assim, maneou a cabeça rapidamente e voltou a correr.
    Eu ficou abismado com a velocidade da criança, e tentou segui-la. De repente, então, deu de cara com uma parede que ali não existia. Cansado, deixou-se cair no chão e adormecer.
    Enquanto isso, no mundo exterior, o lado mais egoísta da pobre escritora tomava o controle de suas ações, auxiliado pelos goles de Presidente que ela havia tomado.
    E foi assim, que quase joguei dois meses de namoro no lixo. Por não conseguir ser paciente o suficiente.

    Mais tarde, Eu foi acordado por passos lentos e arrastados. Eram os mesmos sapatinhos, que agora voltavam. Confuso e sonolento, viu a menina passar de volta por ele, com cara de choro. Chamou-a, e viu um olhar carente iluminar-se no rostinho tristonho, anteriormente tão prepotente.
    - Já cansada?
    - Ela... - fungou na manga do vestido amarrotado - Ela tá di ressaca... Não é bom... Assim ela pensa no que eu fiz, e... E... Se arrepende...
    - Pode explicar...?
    - Quando ela se arrepende... Eu fico mais tempo presa aqui... - abaixou o rosto, secando algumas lágrimas. Depois começou a rir sozinha - Só que se eu sair di novo... Vai ser mega, master, blaster legaaal! - levantou-se e voltou para onde quer que tenha vindo, criando seus planos mirabolantes.
    O então confuso eu, se perdeu mais ainda ao levantar os olhos e perceber que uma janela havia aparecido, onde antes havia a parede contra a qual colidira. Abriu-a ressabiado. Podia sentir as gotas de chuva e o clima cinzento. Então, chamou-me, e narrou sua história. Narrei a minha para ele também.
    E foi assim que refleti. Assim que pensei em como redimir meus pecados.
    Porque eu só sei dar valor ao que perco. Não quero mais andar na corda-bamba. Já estive lá, não quero voltar.
    G, te amo. Mesmo depois de me ter feito pensar mil merdas, e gargalhar em seguida. Pra dizer bem a verdade, justamente depois disso.
    Pena que você não tenha nem idéia do impacto de tudo que você faz sobre mim...

    sexta-feira, 17 de julho de 2009

    estrepado.

    "O amor é bicho instruído."
    O amor bate na aorta
    Carlos Drummond de Andrade
    Lembro perfeitamente. Pequeno, chegou discreto. Percebi, estava lá. De começo medroso. Fez cara de manha, e o deixei ficar. Alojou-se no meu peito. Logo tomou conta. Cresceu com velocidade fenomenal. Nada mais ali cabe. Nada mais quero que caiba.
    Agora... Lá vai. Trocou os passos cautelosos por um trote frenético.
    Correndo pelo quarto. Plena madrugada, sem me deixar dormir. Uma das muitas criaturas que rodeiam meu mundo torto. Ingênuo. Tornou-se confiante. Cada vez mais certo de si. Percebeu a própria existência e vangloriou-se. Cada dia mais sólido, mais bonito.
    Aí! Tropicou no tapete, neste instante. Levantou bambeando. "Pobre coitado!", sussurro "senti sua dor".
    Então, sorriu, alguns dentes mais banguela. "Tolinha! Para amar é preciso suportar cair", disse.
    E eu em choque, com o tanto de sangue no chão. Riu de mim.
    "O importante é a velocidade com que se levanta".

    Acho que compreendi.

    segredinho.

    "Ontem fiquei tão assustado,
    gritei como uma criança.
    Ontem longe de você,
    me congelou profundamente.
    "
    In-Between Days
    The Cure
    Não um ser comum, andando por aí. Sem graça. Como eu.
    Um fantasma, isso sim. Doce demais, vívido demais.
    Demasiadamente real. Mas ainda assim, suave demais.
    Um relance. Talvez nem a entidade percebesse que existia.
    Só eu o via. Sentia. Gritava para mim mesma. Imóvel e incapaz.
    Deve ser o trauma. Deve ser a angústia.
    Deve ser a paranóia. Deve ser só o ciúme.
    Engoli o choro e quase me afoguei. Criança com medo de sombras.
    Patética criatura vendo monstros onde não há nada além.
    Sobrevivi com muita luta. Fiz pouco caso. Quis ser forte.
    "Estranha, eu? Nãão. Não é nada. Estou com sono."

    Ao menos, os mortos estão enterrados.
    Rasgados, jogados e abandonados.
    Possível que só eu lembre deles.

    Que sorte, ateus não acreditam em ressurreição.
    Se Deus existir, então, fodeu de vez.

    quarta-feira, 15 de julho de 2009

    dois meses!

    "Onde você está é onde quero ir,
    nos seus olhos, todas coisas que quero ver.
    E na noite, você é meu sonho,
    você é tudo para mim.
    "
    Love of My life
    Dave Matthews Band feat. Santana
    Isso aí. Dois meses de namoro.
    Normalmente eu não penso em datas, nem ligo pra aniversários. Mas este é especialmente importante. Ele marca mais um ciclo de mais ou menos trinta dias, desde o dia em que aquele sarna bêbado me pediu em namoro.
    Aliás... Pediu? A trêbada aqui lembra de tudo, menos um pedido tradicional.
    "O que você quer ser? Heim? Minha ficante...? Ou outra coisa?"
    Enquanto isso eu berrava, pra superar a música alta do Tatoo, implorando pra não ter que dizer a palavra mágica. Ao fim, cedi, e emocionadamente, tropiquei num banquinho. Me joguei sobre ele. "Namorada, porra, quero ser sua namorada!".
    E nesse tempo também teve a história da aliança. Que na verdade era um piercing no dedo anular da mão direita, mas inflamou. Agora, é um par de bolinhas vermelhas, no lugar onde ficava a jóia de aço cirúrgico.
    E a viagem para a chácara do sogro. Da qual, na realidade, vi pouco mais do que a vista do quarto permitia.
    E os cachecóis. E o lençinho de uma amiga. E outras coisas também...
    Definitivamente... Parece mais do que simples dois meses, sobre os quais mal tenho palavras pra falar.
    Melhor parar por aqui, antes de outra crise emotiva.

    insônia.

    Mais uma vez, a cidade dorme, e eu, aqui, insone.
    As noites em que pesadelos me rodeiam são cada vez mais comuns. Tenho medo de deitar no travesseiro e me render a meus demônios.
    Sempre fui uma pessoa que fala demais. Blá, blá, e blá. Apesar de parecer ser um livro aberto até demais, guardo muitos remorsos. Coisas idiotas, que às vezes me pego relembrando. Memórias ruins de tempos estranhos, distorcidas por mim mesma para que minha percela de culpa nos erros parecesse maior.
    Hoje, a idéia que me mantém acordada e não se afasta é a de que todas as pessoas da terra têm uma razão para me odiar.
    Aqueles que leem esta porcaria de blog e sacodem as cabeças pensando "mas que droga, outra crise de pânico?!". Aqueles que me veem sentada num ônibus, encolhida, jogando paciência no celular, mentalmente dizendo "burguesinha de merda". Quando me sento em um banco, mesa ou qualquer lugar para ler um livro, sinto olhares me fuzilando com a mensagem "olhe, mais uma menina metida a cult". Até mesmo quando saio de casa e vou encontrar o pessoal, me pergunto se aquelas pessoas que vejo todos os fins de semana não imaginam, em conjunto, que maravilha seria se eu não fosse.
    De vez em quando, parece que vivo na corda-bamba. O que, por incrivel que pareça, acontece quando tudo está bem. É nesses momentos calmos que tudo parece bonito e brilhante demais para ser verdade. Abaixo a cabeça e espero a próxima facada. Nem que seja só mais uma noite de insônia.
    O mais incrível de tudo é que, ao invés de ser uma garota extremamente emotiva e apegada aos outros, sou uma sociopata! Jamais saberei exatamente o que o coletivo confabula sobre mim. Também não me importo em compreender. Não faço nada que não seja por meu próprio benefício, e o admito. Se tenho um círculo de amigos, é porque a sociedade me obrigou, e também porque é confortável. Se ouço uma pessoa me contar um segredo, é mais pelo orgulho de ser considerada digna de confiança que por consideração. Se ajudo a alguém é mais para me considerar benevolente que para agradar. Se mantenho certas pessoas próximas, é porque me agradam e divertem.
    Claramente, me contradigo. Qualquer pessoa que me conheça percebe que tenho momentos afetivos, e crises de racionalismo exacerbado em relação a relações.
    Sociopata bipolar. E insegura.
    Definitivamente, preciso de um psiquiatra.

    terça-feira, 14 de julho de 2009

    edson.

    Enquanto assistíamos televisão, vimos uma menina loura se desfazer em lágrimas. Não consegui me conter, e, mais uma vez, soltei a pergunta banal:
    - Pai, eu chorava assim quando era criança?
    - Não, na verdade... Eu não me lembro de ter te visto chorar por algo que não fosse um machucado. Você sempre foi uma criança muito quieta. Ainda é assim, e às vezes me preocupo.
    Não era a primeira vez que ouvia aquilo. Mais ou menos nas mesmas palavras, mas com aquele exato ar que só ele consegue ter: meio saudoso, sempre gentil - comigo. De vez em quando sério. Eternamente furioso com atendentes de telemarketing e suporte técnico.
    Meu pai é um homem fechado. Herdei isso dele. Me lembro que nas primeiras vezes em que o vi conversar com alguém que não fosse um amigo próximo ou familiar, me assustei. Não tinha o mesmo tom casual que comigo. Até a risada era diferente. O olhar variava: de vez em quando, parecia querer avaliar o impacto de suas frases sobre ou ouvinte. Em outras ocasiões era distante e sóbrio. E eu, ali, olhando para cima, buscando aquele olhar sincero, que não esperava nem escondia nada. Sempre explicava tudo que eu queria saber. Histórias do tempo de quartel, como conheceu minha mãe, o que achava das pessoas, o que fazia com os amigos, as festas em que foi... Dava conselhos, mesmo aqueles que não quis ouvir. Não hesita, ainda hoje, em passar horas comigo no sofá, nem que seja em silêncio, ou me ensinando.
    Por sinal, sempre aprendo com ele. Da cultura inútil ao que realmente importa. Grande homem, esse Edson.
    Uma das memórias mais fortes que carregarei eternamente, é uma noite em um hospital, em que eu, aos seis anos, sem sequer saber o que era pneumonia, tinha tido uma. No corredor, ele sentou-se em uma cadeira e, mesmo com vários outros lugares vagos, me sentei em seu colo. Afundei minha cabeça gorducha no seu peito, enquanto ele cantava baixinho, para que só uma pequena pessoa pudesse ouvir.
    "Terra, terra... Por mais distante o errante navegante, quem jamais se esqueceria..."
    Às vezes me pergunto se não o privo de partes demais de minha vida. Se não deveria contar-lhe tudo o que penso, tudo o que sonho. Se erro em não usar todo o seu potencial de amigo, achando que ele me repreenderá se eu lhe contar algo que fiz.
    Antes mesmo de temer qualquer coisa que me possa acontecer, temo desapontá-lo em relação a minha atitudes, ou aborrecê-lo com meus desabafos juvenis. Por isso, busco me considerar uma pessoa independente e responsável por meus atos - acho que ele deve se orgulhar disso.
    Mas, mesmo que não saiba o que comi no almoço de sábado ou o que faço madrugada adentro, o que realmente importa é justamente o fato de me compreender, mesmo sem que precisemos trocar uma só palavra.
    Pai... Te amo.

    sábado, 11 de julho de 2009

    hd.

    Dois dias que não saio da frente da televisão!
    Eu nunca fui do tipo de garota antenada em tudo que acontece por aí. Só pra descobrir que a Dercy Golçalves morreu, levei uma semana. Pro Michael Jackson, levei dois dias. Mas, ainda assim, adoro sentar meus preguiçosos fundilhos no sofá, ao lado do meu querido pai (que tem um traseiro tão preciçoso quanto, senão mais).
    Tanto ele quanto eu, somos viciados em tecnologia, algo realmente muito acessível nos ultimos anos. Tínhamos video-cassete em casa desde sempre. Discman, também. Quando chegou o tal do dvd, arranjamos. Gravador de dvd para computador? Necessário, com certeza! E o mp3 player? Anos que não vivo sem. Celular é apêndice do meu corpo desde os oito anos, nem que não tivesse linha e só servisse para jogar Snake.
    Este ano, adquirimos uma televisão de 42". Sonho de uma vida! O cinema-particular ficou completo com a aquisição de um home-theater decente. Conectando um notebook à tv, conseguíamos assistir qualquer filme que quiséssemos aproveitando o máximo potencial da televisão.
    Dog (?) bless HD TV!
    Que maravilha é poder assistir a qualquer filme e dizer "hmm, aquela atriz linda tem cravos no nariz, como eu!", ou "hahaha, o ator tem a pele oleosa! Não somos os únicos defeituosos!".
    Desde então, não tenho mais crises existenciais, querendo cortar fora as minhas pintinhas de beleza. Não me afogo em cremes para tentar fechar os poros do meu rosto, absurdamente abertos. Não me maqueio tão pesadamente, com medo que descubram que uma das minhas sobrancelhas é mais alta que a outra, ou que tenho uma pequena cicatriz no queixo. As celulites, nem digo nada. Qualquer filme com praia comprova que as grandes estrelas também têm laranjas no lugar de bundas.
    Estou em paz com a minha aparencia, finalmente!

    terça-feira, 7 de julho de 2009

    compromisso.

    "E nem vou pensar se me chamar
    pra fugir contigo outra vez,
    não vou pensar se amanhã
    a certeza será talvez
    ."
    Adeus Sofia
    Dance of Days feat. Fernanda Takai
    Chorei assistindo televisão. Fazia tempo que não acontecia algo assim.
    Eu sou uma pessoa esquisita. Descubro que estou em crise comigo mesma quando começo a escrever demais sobre mim; mudo de idéia o tempo todo, parece que nenhuma palavra no mundo me expressa. As que chegam mais próximas disso são aquelas que definem meus defeitos.
    E, apesar de saber quais são eles, de arquitetar planos para corrigi-los, nada sai da mente. Palavras a esmo, que de repente eu esqueço.
    Também tenho o costume de deixar de lado o que realmente é importante.
    Estou aqui para pedir desculpas mais uma vez, só que agora de forma generalizada.
    Perdão a todos aqueles amigos maravilhosos que já tive, e que perdi por não conseguir dizer a eles o quanto os amava. Perdão a todos aqueles com os quais perdi contato por ser teimosa, impaciente. Perdão aos que ainda tenho e me aturam, dia após dia; aos que secam minhas lágrimas quando me desespero, aos que me protegem de tudo que pode vir a magoar. Aos que agem em meu favor, me consolam, e aos que simplesmente escutam, sem dizer uma palavra. Perdão por não perceber o quão importantes são, por não conseguir levantar os olhos do meu próprio umbigo.
    Perdão ao meu pai, que sofre me esperando a altas horas da noite, e que no fim, sabe pouco de minha vida, mas me conhece como ninguém. E perdão à minha mãe, uma pessoa que não compreendo - e também não me esforço para compreender.
    Já me diagnostiquei como histérica, desligada, sociopata, sem jamais saber direito o que tenho de errado. Acabo de descobrir.
    Não sou sensível, e nunca fiz muitas coisas para mudar. Minhas palavras bonitas são egoístas. Meu lirismo é drama, e talvez, por isso, esteja recluso em uma parte de mim que não entendo.
    Aquele prédio, do qual uma vez falei, com infinitos corredores brancos, e onde meu Eu mais doce está perdido, é justamente este espaço de minha alma que não conheço. Nunca passei por mais que a recepção, e por isso não me encontro nos corredores.
    Tudo porque tenho medo de me magoar. Não quero mais ter que juntar meus pedaços.
    Então, decidi assumir um compromisso comigo mesma.
    Tentarei ser mais gentil, sem pedir nada em troca. O que receber, servirá de bônus.
    Percebi que a vida é curta demais. Normalmente evito pensar nisso. Quero conhecer o mundo, e quero agora. Afinal, não há tempo a ser perdido. A qualquer momento posso atravessar distraidamente uma rua, e ter meu corpo estilhaçado. Posso ser alvo de um serial killer, ou sofrer uma hemorragia devido a um corte com uma faca de pão. Posso entrar em coma alcoolico numa das noites em que tento afastar todas estas questões desagradáveis de minha cabeça. Posso chegar aos quarenta sozinha, por nunca ter dito nada do que realmente sentia.
    Então, me apresso por gritar em plenos pulmões: eu os amo!
    Amo aqueles que não me conhecem, e perdem tempo lendo esta porcaria.
    Amo aqueles que me seguraram no colo quando era um bebê. Quem me sufocou de tanto carinho e preocupação, e quem não soube demonstrar nada disso. Quem se irrita e briga comigo em plenas dez horas da manhã, apenas por temer por minha segurança, meu futuro.
    Amo quem me enche o saco, perguntando se estou bem quando ficar sozinha é tudo que quero.
    Amo quem me diz que dia e hora é a prova, quem me ajuda a estudar. Quem corre pelos cantos comigo.
    Amo quem me pede socorro, porque acha que só eu poderei ajudar. Quem me confidencia seus planos, pedindo opiniões para supreender aos outros - mesmo que eu sinta inveja.
    Amo quem promete coisas, mesmo que não cumpra, só para me ver sorrir. Tenho certeza que, se fosse possivel, não hesitaria em nenhum instante.
    Amo quem não deixo dormir, quem segura meus braços quando passo mal, quem seca minhas lágrimas quando choro. Quem se ofende por ser o motivo de meu desespero.
    Juro que tentarei ser mais confiante de quem sou. Juro que tentarei ter mais certezas, me posicionar melhor por mim mesma. Juro dar o meu melhor.
    Juro me esforçar para ser aquela garota para quem você recorrerá quando ninguém mais te compreender.

    Juro por vocês, e por mim.

    segunda-feira, 6 de julho de 2009

    guilherme.

    "As luzes querem me ofuscar,
    eu só quero que essa luz me cegue."

    Nem cinco minutos guardados
    Titãs
    Ainda estou de ressaca, e nada do que digo faz sentido.
    Preciso pedir desculpas, mas não sei se conseguiria olhando nos seus olhos.
    Tenho problemas para perceber quando erro, e também para aceitar isso. Pedir perdão é quase uma humilhação para esta coisinha teimosa.
    Houve um tempo em que fui mais confiante. Não tinha medo de abrir meu coração, falar tudo que pensava. Acho que aquele conhaque decidiu que era hora de extravasar tudo que estava plantado dentro de mim.
    Não me sinto bonita o suficiente. Não me acho simpática, nem engraçada. Sou repetitiva, fico dando voltas em circulos. Mesmas pessoas, mesmos problemas, mesmos ataques. Minhas inseguranças ficam todas a mostra. Queria ser uma pessoa mais forte, mas não me esforço. Queria ser mais espontânea, mas me resguardo com excesso. Apesar disso, sou vulnerável a tudo que dizem.
    Qualquer olhar torto teu me leva à loucura.
    Quando te senti distante de mim (ou eu de você, não sei), me desesperei silenciosamente. Quis afogar tudo, esperar. O problema é que o monstro se libertou.
    Meu medo é que você descubra todos esses defeitos que tenho, e se canse. Que ao conhecer melhor minhas piores fraquezas, tudo mude.
    Confio que você se esforçe nesse momento. O problema é que não sei se consigo te entender. Sei que há coisas que guarda para si mesmo, mas me angustia não ser alguém com que você fale tudo. Não ser uma pessoa que consiga te ajudar a se sentir melhor.

    Apesar de você não concordar, tem sido a melhor coisa que me aconteceu nessa droga de ano. Eu te amo, e não quero te perder.
    Por favor, me perdoe por ser tão infantil.

    sábado, 4 de julho de 2009

    cativo?

    "Incapazes os homens
    que falam de tudo
    e sofrem calados.
    "
    Requiem para uma flor
    Raul Seixas
    Eu continuo dizendo, Michael Jackson não morreu! Era tudo golpe de marketing pra vender cds!
    Ele vai levantar no enterro e abrir aquele imenso sorriso macabro, dizendo "brinks, to vivão!".
    Mas, muito bem. Não me linchem ainda. Apesar de ser piada, do fato de que sinceramente não me surpreenderia ele realmente fazer isso, eu admito: o cara era bom. Esquisito, mas absurdamente foda. Sem palavras.
    Brincadeiras à parte, quem sou eu pra falar de normalidade?

    Por sinal, perto da meia-noite, depois de me certificar de que todos em casa estavam no sétimo sono, saí para o jardim. Costume recente, por razões recentes. Sentei em um degrau da garagem, olhando para cima.
    Foi quando meu Eu Lírico de alguma forma conseguiu se comunicar comigo. Sabe-se lá como. O perdi dentro de mim, e não sei onde está exatamente, como achá-lo.
    Antes, ele vivia comigo. Sequer precisávamos trocar palavras. Sua mera presença, junto da minha pessoa, já expressava tudo que eu precisava saber. Agora me sinto distante... Na verdade, nem me sinto muitas vezes, insensível à maioria dos estímulos. Literalmente, fui dividida por mim.
    Enfim, conversamos por algum tempo, eu e meu Eu. Mas, não se assustem, não é esquizofrenia. Não até ser diagnosticada. Sempre há a chance que eu seja simplesmente poética, ou uma mensageira do transcendental (mesmo atéia, me inclino pra segunda opção, devido à este lastimável blog que mantenho as custas do Marcelo ler meus delírios).

    - Sentindo falta de algumas estrelas?
    - Da maioria, pra dizer a verdade... A última vez que parei pra olhar pra cima, haviam tantas... Estas parecem mortas, perto das que já vi. Deve ser a poluição da cidade.
    - Ou... A ausência de companhia. E não me refiro a mim.
    - Bom... Talvez. Não sei mais se estou distante dos outros, ou os outros de mim. Tenho medo de que isso continue... Não quero terminar sozinha. Sem ofensas, mas um Eu Lírico, apesar de necessário, não é o que tenho em mente como conceito de sociabilidade.
    - Tudo bem, não vou levar pro lado pessoal. Mas, então, me diga o que te afeta em palavras, talvez eu possa te ajudar. Não sou útil com cálculos, se for esse o seu problema, só pra te lembrar...
    - Cálculos também são problema, mas não são os únicos. De repente um medo absurdo me oprime. Não tenho mais certeza de nada. Vivo em insegurança.
    - Hm... Aquilo. Temor de ser deixada.
    - Temor de deixar de ter graça. Por vários momentos me sinto como a criatura mais imbecil do mundo. Todos têm uma piada a contar, uma história interessante. E eu... Nada. O que digo não tem o mesmo efeito que teria se fosse outra pessoa. De repente me sinto abandonada. Mas ao invés de lutar contra isso, te tranco em algum canto na p*** que p****.
    - Hmm... Acho que você não deveria se importar tanto. Quer dizer, por dezoito anos, você não estava nem aí. Quanto a me trancar... Socoooorro, é chato demais por aqui!
    - Mas hoje... Amo gente que parece não se importar com isso. E eu nunca vou saber se o que me dizem é verdade. Nunca vou poder confiar inteiramente neles.
    - Lamento, mas não posso ajudar daqui...
    - Quê?!
    - Eu te ajudo a ver o mundo mais bonito. A se expressar e colori-lo. Agora, a coragem de extravasar é sua. Confiança sempre foi seu problema. Você tem a opção de se tornar uma psicótica, evitando mágoas, e acabar com no máximo duas amizades tão perturbadas e inseguras quanto você. Ou pode parar de se importar tanto, até que os problemas realmente apareçam e você tenha um problema real, e não imaginado nas mãos.
    - Eu...
    - Fala, paixão.
    - Você é um inútil no critério "chamada de longa distância".
    - Aah, eu tive uma professora muito boa, sabe?