segunda-feira, 8 de novembro de 2010

a frase.

É como eu disse pra ele.
Quando se está amando, tudo é tão mais fácil! A perspectiva é mais direta: você sabe o que tem, e o que quer. Você analisa o que pode fazer para chegar lá. O seu objetivo é simples.
Estranho como a paixão se assemelha à caça. E cada vez mais a similaridade me assusta.
Mais estranho ainda é a ausência de rumo que surge com a ausência do sentimento. A necessidade constante de uma motivação para que o peito não pare de bater.

Estava com ele no ônibus. O convenci a me acompanhar por parte do caminho, até minha casa. O abraçei forte, com o rosto enterrado no seu peito. Ah, estava tão cansada... Mas ainda assim, tão confortável.
Eu já havia dito que não estava apaixonada. Que estava cansada de sair em frangalhos das relações. Que queria simplesmente aproveitar aqueles momentos, aquela cumplicidade... Os benefícios da amizade sem as amarras do compromisso.
E ele concordava. Também não é mais inocente.
De repente, aquela frase absurda... Aquela frase ridícula! Aquela frase estúpida, que sempre acaba com tudo, surgiu nos pensamentos. Desceu até o peito, acelerou o coração, agitou as borboletas do estômago. Subiu pela garganta, arranhando minha carne, e quase escorregou boca abaixo. Ficou pendurada na ponta da língua, ameaçando atirar-se. A agarrei antes que o estrago fosse feito. Fiquei sem ar, no esforço. Acho que ele não percebeu.
Aquela frase que na verdade não significa nada. Que vem acompanhada de tudo.

Nem sei mais o que queria dizer.
Mas já estou com saudades.