sábado, 25 de dezembro de 2010

fantasmas.

Pois é... Hoje o fantasma do Natal passado bateu na minha porta de novo.
Sei lá. Deve ser algo na tradição que nos faz lembrar daqueles momentos que nunca mais vão se repetir, por mais que o cenário e todo o resto seja o mesmo...
Sinceramente, eu não queria ter saído de casa. Ia me afogar em peru aqui mesmo, meu pai, minha vó, minha prima e tios acompanhando. Daí lembrei: mamãe também me quer. Lá fui eu, repetir aquele fiasco de um ano atrás...
Mas dessa vez não tinha ninguém segurando minha mão, me dizendo que tudo ia dar certo.
Ééé... A solidão dói, e eu não posso deixar de pensar que tem alguma coisa errada nisso. Que eu fiz alguma coisa ruim. Mesmo que eu saiba que não.

Emocionalmente eu sou muito parecida com o meu cachorro.
A gente senta na porta com cara de idiota, esperando alguém vir nos amar.

Sem contar que virou tradição a minha mãe me fazer chorar no Natal.
(pelo menos esse ano eu pude beber descaradamente pra disfarçar a agonia)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

mudança de planos.

"Não consigo lembrar de quando era bom,
momentos de alegria escapam.
Talvez eu só tenha entendido errado.
Todo amor que deixamos para trás,
vendo as flashbacks se misturarem,
memórias que nunca encontrarei.
Esqueça as inconsequências que fizemos,
acho que nossas vidas acabaram de começar."

Falling away with you
Muse

Era pra eu ter começado um vlog hoje, mas como estou cansada demais... Mudei de idéia.
Por isso, vou me contentar em tentar ressuscitar essa coisinha aqui mesmo.

Sabe como você lembra do seu passado com saudades, e tudo parecia ser melhor do que é agora... E as pessoas com quem você não fala mais eram legais, e ninguém mais lembra o que deu errado, pra que nada mais fosse tão bom?
Passei por uma coisa estranha essa semana. Pela primeira vez o meu presente pareceu melhor que o que passou.
Consegui lembrar claramente o que deu errado comigo em todos os meses que passaram. Porque eu não conseguia aproveitar a minha vida na hora em que ela estava. E cada segundo que se aproximava trazia a certeza de ser pior que o anterior.
E, no final, o Thomas, meu calouro que sequer barba tem, estava certo: certas coisas não se cultivam. Você precisa do espaço que elas ocupam para outras, melhores.

Depois de meses tentando, descobri que não precisava mais do que uma noite quente, companhias agradáveis e alguém pra me mostrar que nossas vidas começam agora.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

perfeito.

- Você é carinhoso demais... - comentei com meu acompanhante.
Foi quando o Haru, um amigo querido, se intrometeu dizendo algo como "ela não tá acostumada com isso!". O que está longe de ser uma mentira.
E essa é a história do momento em que eu decidi largar meu freio.

Eu jamais deveria ter me deixado convencer de que sou menos do que bonita, inteligente e engraçada.
Obrigada a todos vocês que nesse fim de semana me provaram que sou querida. Que aguentaram o meu humor ácido, minhas brincadeiras sem graça. Àqueles que riram comigo.
E ao rapaz que me fez lembrar de como é ser desejada.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

dois problemas.

Aquele dia no ônibus (o post anterior, deste blog, que nem as traças querem ver, porque não é de papel)? Baboseira completa, absoluta e irrestrita. Parte da minha carência, pra variar um pouco. Não que eu não goste do rapaz - acho que é o mais próximo de um melhor amigo que consegui nessa hora de fraqueza. Gosto de passar tempo com ele. Me divirto com suas piadas, e sinto sua falta quando não estamos juntos.
É bom não precisar pensar no que digo ou faço perto dele. Mas não só por me sentir confortável - é porque mesmo que o atormentasse, acho que não me importaria tanto assim. E na verdade acho que ele não se atormenta por também não se importar.
Arranjo cômodo para ambos os lados.

Continuando com a divagação desta madrugada: tenho dois problemas. Um, o mais imediato, é o fato de sempre que possivel esta que voz fala cometer uma cagada absurda e não inédita, integrante das dez fases recorrentes da minha vida amorosa (um dia quem sabe eu explico).
Eu não andava muito bem. Tive crises o mês inteiro, até considerei consultar um psiquiatra. Tivemos uma discussão amarga, eu e o rapaz do ônibus, como amigos. Ele já andava fechado eu copas, e eu segui o exemplo. Viajei, saí, vi gente. Flertei inocentemente com algumas pessoas. Ri. Ouvi milhares de piadas ruins, aprendi uma gíria nova - bizurada, por sinal. Passou um tempo, baixou a poeira, voltamos a nos falar. Bem daquele jeito...
Visitei o rapaz na quarta. Vi ele de novo na sexta. Falamos besteira, bebemos um tanto em companhia de um amigo dele.
Domingo ele queria que o visitasse de novo, mas já havia prometido ir em um churrasco - por sinal, cheguei tarde, tomei as últimas cervejas, e estiquei por lá algumas horas, conversando com o amigo de um amigo. Um garoto que me lembra absurdamente de um ex-namorado, um dos primeiros (sabe aquele amor que deu certo, mas pra cada um numa hora diferente? esse mesmo). Falava rápido, com uma voz meio mansa, e me chamava da Camila com aquela ênfase estranhamente carinhosa no "Ca", baixando o tom ao pronunciar o "Mi", e esticando um "La" encaracolado, terminando sempre, todas as vezes, com uma inspiração. Absurdamente diferente no físico, mas com o mesmo trejeito tímido. Até o jeito de sorrir... Tive arrepios, no sentido mais esquisito da expressão. Acho empalideci e ele percebeu, porque demoramos a conversar depois disso.
Meus amigos se aglomeravam aos poucos ao redor do video-game. Quando percebi, conversávamos sozinhos na garagem. Quando fomos comprar pão, ele me beijou. Voltamos, fizemos café, repetimos o ato. E de novo. E mais uma vez, até ser hora de ir embora - ele, por sinal, me trouxe em casa. Perguntou se poderíamos sair algum dia...
Resumindo: meu primeiro problema é que eu disse sim, mas não pretendo deixar de beijar o rapaz do ônibus pelo amigo do amigo e não quero voltar atrás.

E o segundo é mais simples, mas mais difícil de resolver: converso em pensamento quase todas as noites com um dos meus ex-namorados. Na maior parte das vezes, discuto com ele, afirmando o quão patético o acho, sempre com um argumento novo. Tudo bem se fosse só isso, conscientemente eu o odeio. O problema é quando ele se intromete nos meus sonhos, derrubando portas, invadindo ônibus, até a cavalo (preto, porque branco até dormindo eu sei que não merece), me chama de bebê e me... Salva? Sequestra? Nem sei o que faz. Pelo menos, de vez em quando eu o estapeio, reluto.
E isso que o rapaz do ônibus faz, confirmadamente, tudo que ele fazia mais do que cinco vezes melhor...
Resumindo: meu segundo problema é que meu ego é desequilibrado, meu superego é covarde, e meu id provém da palavra idiota.

E Freud explica.