segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

dois problemas.

Aquele dia no ônibus (o post anterior, deste blog, que nem as traças querem ver, porque não é de papel)? Baboseira completa, absoluta e irrestrita. Parte da minha carência, pra variar um pouco. Não que eu não goste do rapaz - acho que é o mais próximo de um melhor amigo que consegui nessa hora de fraqueza. Gosto de passar tempo com ele. Me divirto com suas piadas, e sinto sua falta quando não estamos juntos.
É bom não precisar pensar no que digo ou faço perto dele. Mas não só por me sentir confortável - é porque mesmo que o atormentasse, acho que não me importaria tanto assim. E na verdade acho que ele não se atormenta por também não se importar.
Arranjo cômodo para ambos os lados.

Continuando com a divagação desta madrugada: tenho dois problemas. Um, o mais imediato, é o fato de sempre que possivel esta que voz fala cometer uma cagada absurda e não inédita, integrante das dez fases recorrentes da minha vida amorosa (um dia quem sabe eu explico).
Eu não andava muito bem. Tive crises o mês inteiro, até considerei consultar um psiquiatra. Tivemos uma discussão amarga, eu e o rapaz do ônibus, como amigos. Ele já andava fechado eu copas, e eu segui o exemplo. Viajei, saí, vi gente. Flertei inocentemente com algumas pessoas. Ri. Ouvi milhares de piadas ruins, aprendi uma gíria nova - bizurada, por sinal. Passou um tempo, baixou a poeira, voltamos a nos falar. Bem daquele jeito...
Visitei o rapaz na quarta. Vi ele de novo na sexta. Falamos besteira, bebemos um tanto em companhia de um amigo dele.
Domingo ele queria que o visitasse de novo, mas já havia prometido ir em um churrasco - por sinal, cheguei tarde, tomei as últimas cervejas, e estiquei por lá algumas horas, conversando com o amigo de um amigo. Um garoto que me lembra absurdamente de um ex-namorado, um dos primeiros (sabe aquele amor que deu certo, mas pra cada um numa hora diferente? esse mesmo). Falava rápido, com uma voz meio mansa, e me chamava da Camila com aquela ênfase estranhamente carinhosa no "Ca", baixando o tom ao pronunciar o "Mi", e esticando um "La" encaracolado, terminando sempre, todas as vezes, com uma inspiração. Absurdamente diferente no físico, mas com o mesmo trejeito tímido. Até o jeito de sorrir... Tive arrepios, no sentido mais esquisito da expressão. Acho empalideci e ele percebeu, porque demoramos a conversar depois disso.
Meus amigos se aglomeravam aos poucos ao redor do video-game. Quando percebi, conversávamos sozinhos na garagem. Quando fomos comprar pão, ele me beijou. Voltamos, fizemos café, repetimos o ato. E de novo. E mais uma vez, até ser hora de ir embora - ele, por sinal, me trouxe em casa. Perguntou se poderíamos sair algum dia...
Resumindo: meu primeiro problema é que eu disse sim, mas não pretendo deixar de beijar o rapaz do ônibus pelo amigo do amigo e não quero voltar atrás.

E o segundo é mais simples, mas mais difícil de resolver: converso em pensamento quase todas as noites com um dos meus ex-namorados. Na maior parte das vezes, discuto com ele, afirmando o quão patético o acho, sempre com um argumento novo. Tudo bem se fosse só isso, conscientemente eu o odeio. O problema é quando ele se intromete nos meus sonhos, derrubando portas, invadindo ônibus, até a cavalo (preto, porque branco até dormindo eu sei que não merece), me chama de bebê e me... Salva? Sequestra? Nem sei o que faz. Pelo menos, de vez em quando eu o estapeio, reluto.
E isso que o rapaz do ônibus faz, confirmadamente, tudo que ele fazia mais do que cinco vezes melhor...
Resumindo: meu segundo problema é que meu ego é desequilibrado, meu superego é covarde, e meu id provém da palavra idiota.

E Freud explica.

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