segunda-feira, 21 de setembro de 2009

conto de fadas.

Eu havia me esquecido das princesas...
Quando menina, eu adorava contos de fadas. Foram a primeira forma de literatura com a qual tive contato. Assim que aprendi a ler, devorava livros e mais livros ilustrados, que contavam a saga de garotas ao finais felizes.
Algumas dúvidas apareceram, enquanto eu crescia, até que um dia, perguntei à minha mãe o que acontecia depois do infame "felizes para sempre". Respondeu-me que formavam uma família, viviam em harmonia, tinham filhos, netos, envelheciam ao lado do príncipe...
Eu imaginava minha mãe como uma rainha, com seus cabelos escuros e olhos verdes. Mesmo em um moleton surrado, em frente ao fogão, aquela figura tão maior que eu ofuscava minha vista. Meu pai, então, não podia destoar - os ombros largos sequer precisavam de uma capa vermelha para que fossem da realeza. O brilhar da careca, para mim, era a mesma coisa que o reluzir de uma coroa. Eu ficava empolgadíssima quando ele voltava dos afazeres reais para o sofá da sala. Tomava o controle-remoto como um cetro e decidia o que passaria em nossa televisão. Toda a janta em família era um banquete. Eu comia devagar, às vezes devomorava horas inteiras para terminar um único prato - e a rainha se recusava a deixar que minha refeição esfriasse, então ordenava ao microondas (várias vezes por noite, aliás) que a mantivesse quentinha.
Mas me esqueci rapidamente da vida no palácio. Revendo tudo aquilo, parece até surreal; como se nunca tivesse vivido aqueles momentos. Talvez seja porque jamais voltarão.
Anos mais tarde, me revoltei com as mesmas histórias que um dia adorei. Eram estúpidas e impossíveis. Foi a parte mais rebelde de minha vida, onde eu questionava desde a cor dos semáforos até o sentido da vida. Porque espalhar livrinhos ilustrados pelo mundo inteiro, se o rei e a rainha do meu castelo não poderiam ficar juntos? Porque, se, saindo daquela casa verde, eu deixara de ser a princesa?

Então, enterrei o glamour das lendas. Nunca fantasiei um vestido de noiva, ou uma decoração de igreja. Nunca sonhei com cavalos brancos, nem príncipes. Até porque, depois de sair do castelo, descobri que não apenas não era uma princesa, como que era também uma desajustada social.

Só agora volto a sonhar - com a pontinha de um dos pés no chão, só por segurança. Meu príncipe tem um sorriso lindo, e três piercings (até o exato momento). Meu cavalo branco foi um ônibus biarticulado laranjado. A fada madrinha tinha cabelo cor-de-rosa. Um violão acabou tomando o lugar do dragão, só para garantir que a história tivesse ao menos uma cota de violência. A bruxa malvada (que ainda vaga por aqui e ali, discretamente me oferecendo maçãs) foram meus defeitos.
Se bem que, tendo o príncipe absurdamente inusual ao meu lado, valeria a pena viver como Branca de Neve por toda uma vida.
Mas o caminho ainda é longo para chegar lá. Então, vamos de mãos dadas!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

4 meses!

Sinceramente, não faço idéia de como mantive minha sanidade intacta durante os últimos meses.
Ainda assim, antes perder a razão do que voltar ao que era antes - como Camões já dizia, "sem amor eu nada seria". Além de bonitas, palavras reais.
Depois que se experimenta a sensação, não há mais volta. Qualquer ausência de êxtase é sinal de anestesia. Vício que nem ao narcótico mais pesado se compara.
A verdade é que sobrevivi. Sem ter um ataque cardíaco a cada momento feliz, e sem me despedaçar a cada briga.

Sou teimosa, mas amo ele.

domingo, 13 de setembro de 2009

havaianas.

Acho que o post vai ficar meio sem-pé-nem-cabeça, mas lá vou eu~~
Lá estava Mila, sentadinha em um Santa Bárbara (ônibus que vai do campus Politécnico até a Praça Rui Barbosa, no centro da cidade), tentando se distrair, quando ouviu uma conversa entre dois outros universitários, sentados logo atrás dela. Como o tema era interessante, a criatura ficou com isso na cabeça por quase três dias, até finalmente conseguir chegar a um computador com internet e despejar isso na cabeça de quem quiser ler!

Que a maioria do marketing publicitário é feito de absurdos, pouca gente discorda. No entanto, alguns se destacam mais do que outros - são aqueles que me fazem querer rachar no meio a cabeça do imbecil que teve a idéia absurda de transformar algumas coisas em propaganda.
Estou aqui para expressar a minha revolta em relação aos comerciais das sandálias Havaianas.
Antigamente, a publicidade da marca era simples, até meio boba. Muita gente assistia os intervalos de programas bufando - algo como "humpf, como eles acham graça nisso?". Mas com falta de graça está todo mundo acostumado, então, ao menos, não fazia mal.
O problema é que a empresa decidiu criar comerciais controversos, com ideologias absurdamente infundadas. O choque começou com o seguinte comercial:

Não sei se é porque eu sou o tipo de pessoa oito ou oitenta, mas, para mim, parece é que o cara que escreveu isso queria mandar tudo às favas. Algo empresa alguma deveria fazer, por sinal, ainda mais no estado em que o mundo está...
Não sou o tipo de pessoa que pára uma roda de samba para falar sobre o fim dos tempos (personagem desnecessário, abusivamente caricato), mas ainda assim me senti ofendida - me imagino agora no papel da personagem toda a vez que comento com alguém, por exemplo, que odeio quando meus vizinhos vão lavar a calçada com mangueiras, sem vassoura, e acabam por limpar parte do asfalto da rua (?).
Quando eu achei que ia parar de erguer as sobrancelhas e comentar "que droga de campanha!" todas as vezes que visse os comerciais das Havaianas, apareceu o das Havaianas fit:

Eu, partircularmente, acho que sexo é uma coisa que não se discute de graça. A velhinha dando lição na neta, por exemplo, me parece amoral - principalmente em tempo de AIDS, doenças venéreas e tudo o mais, onde a coisa menos segura que há é ter um envolvimento puramente físico. Estou longe de ser puritana, mas não acredito que sexo casual realmente faça alguém se sentir bem. Mas, voltando ao tópico, opiniões a parte... Se eu tivesse o calibre mundialmente famoso das Havaianas, evitaria a polêmica.

É por coisas assim que eu boicoto algumas marcas. Deixando claro, eu uso Ipanema como chinelo.

Encerro a discussão por aqui devido a motivos de conforto - dor de cabeça, sono e fome combinados. Quem quiser opine, quem não quiser não precisa.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

mudanças.

Sumi por mais tempo do que deveria. Quem tem meu msn percebeu - nada mais de logar por semanas inteiras, ou passar horas de papo com o vento!
Algumas decisões importantes merecem minha atenção, até que algumas coisas se resolvam. Se tudo der certo, minha vida vai mudar drásticamente. Mais responsabilidades, mais compromissos... Mais liberdade.
Enfim, nada que possa ser discutido até estar tudo certo.

Pois bem, continuando nessa linha, o assunto de hoje são mudanças.
Fico feliz em perceber que a maioria dos meus colegas está amadurecendo. Isso me impulsiona com um pouco mais de intensidade - se eles conseguem, porque não eu? Afinal, sempre almejei as mesmas coisas que a maioria dos adolescentes, como sair de baixo da asa dos pais, aprender a viver sozinha.
Um dia eu fui uma otáriazinha que se achava boa demais. Tomei na cara e aprendi que ninguém é o que pensa de si mesmo. Ser consiste em uma pessoa para observar. A típica dúvida: se uma árvore tomba no meio de uma floresta vazia, ela faz barulho?
Depois, fui uma outra imbecilzinha, que se lamuriava pelos cantos, fazendo papel de vítima da sociedade. A época mais revolta da minha vida, que, acredito, seja a razão dos distúrbios na paz da relação que tenho com minha mãe. Eu berrava contra as injustiças, condenando a mim mesma por ser parte de uma parcela privilegiada da sociedade.
Então, mudei mais uma vez. Na real, acho que digivolvi, e virei uma ativistazinha de merda, antes mesmo de ser cult ter opinião sobre tudo e no fim não fazer porra nenhuma. Isso aos quinze anos.
Percebi que não tinha sucesso e assumi minha postura mais desligada. Mandei tudo às favas e simplesmente aproveitei o que a vida me dava. Desde que não exigisse esforços, claro!
Até que, nesse exato momento, decidi me esforçar e conquistar coisas por mim mesma. Acho que tenho sucesso quebrando a inércia que me impedia de me mover, como comentei no último post. Espero que dure bastante essa paciência de atingir objetivos... Afinal, empenho é palavra nova no meu vocabulário.
***
Aliás, aproveitando o tema, vou dar uma agulhada desnecessária em certa criatura. Duvido que o ser em questão ainda leia essa droga de blog. Entretanto, se ler... Saiba que isso não é uma opinião pessoal. Aliás, nem pode ser, afinal, tenho minha parcela de culpa no cartório em relação ao caso.
Ah, outra coisa. Se ler, saiba que ficar chateado não muda o que várias pessoas sentem a seu respeito. Só uma postura diferente pode fazer isso.
Sabe aquele playboyzinho que fica mudando de amigos de seis em seis meses porque acha que ninguém é bom o suficiente? Aquele que tenta comprar amizades com festas, e depois acha que todos que ele convidou foram interesseiros? Aquele que se acha no direito de dar cantada nas meninas que foram na casa dele, mesmo que elas estejam acompanhadas? Bem aquele, que depois disso tudo, não sabe porque o pessoal evita ele.
Não é que as pessoas queiram a sua grana. É que sem ela, você não se sente poderoso. É que sem ela, você não acredita que tem poder. Dinheiro por dinheiro, você ainda tem - porque, então, será que ninguém mais te chama pra sair?
É aquele playboyzinho, que depois de levar dois ou três cortes, diz que a galera com quem ele está saindo é mais legal que o outro grupo... Sendo que, quando o conhecemos, ele já conhecia várias pessoas com as quais ele sai agora, e dizia a mesma coisa a respeito deles.
O que será que isso diz a respeito de um marmanjo?
Perdão se a gente se esforça pra estudar e conseguir uma grana pra sair, enquanto pra você tudo é fácil. Perdão se ninguém precisa te ver esfregar na nossa cara que você tem, sozinho, verba pra pagar a nossa vaquinha do gole, e que você sempre dá mais pra inteirinha. Deu porque quis, porque podia colaborar do mesmo jeito que todo mundo faz.
Perdão por a gente ter as amizades e as piadas.
Acho que exagerei, então, meu último perdão por ser tão dura, fria e seca.
Se ler isso, defenda-se. Mas não pra mim. Pra quem ainda se importa um pouco contigo, e já disse isso na sua cara.
Que eu tô é pouco me fodendo.