segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

dia de despedidas.

2008 foi realmente um ano muito confuso e, felizmente, um dos mais rápidos dessa vida.
Pela primeira vez, meu destino esteve nas mãos de vários grupos de estranhos, dos quais eu só sabia serem os corretores do vestibular. Como se uma prova pudesse definir quem sou, o que quero fazer, como penso em meu futuro... Como se aquelas questões assinaladas no cartão-resposta servissem para medir, pesar e qualificar meu crânio. Medir a quantidade de ar lá dentro.

Lógicamente, como garota de dezessete anos, e com tendências revoltosas, me pergunto o sentido do sistema. Lógicamente, não encontro, e por isso, apenas sigo o fluxo.

Mesmo sem crer (mesmo dias após a publicação do resultado, ainda não consigo colocar minha fé completa nisso), passei na UFPR. No curso de Quimica. E, por incrivel que pareça, em boa colocação.
Isso que, dias antes, esta pequena caloura só fazia comer, dormir e beber, para fazer o tempo passar mais depressa. Uma tremenda reviravolta, sem duvida alguma.

Hoje, saí atrás da documentação para a matricula com meu pai.

Chegamos ao meu antigo colégio de moto. E usamos o estacionamento - coisa raríssima, já que o exelentissimo Medianeira fica na contramão, em relação à minha casa. Normalmente, eu atravessaria uma passarela, por cima da movimentada rodovia que passa em frente a ele. Só isso foi o suficiente para trazer meu coração à boca.
Atravessamos a via de paralelepípedos, e estacionamos bem perto da portaria. Tínhamos todo o espaço do mundo para escolher. Descendo da moto, vi, pelo que agora julgo ser a última vez, o guardinha simpático que tantas vezes já me dera broncas.
Isso me lembrava, também, a primeira vez em que cruzei aqueles portões, angustiada, para receber o resultado referente a uma bolsa de estudos. Que, aos treze anos, consegui. A primeira de muitas vitórias que ainda viriam pela frente. Assim, daquele mesmo jeitinho vazio e, por incrivel que pareça, sorridente, a instituição de apresentou para mim.
As cadeiras estavam todas para fora das salas. Nenhuma criança fugida da educação infantil corria. Ninguém jogava nada nas quadras. Nem dormia, escondidinho, nas escadas. Menos mal. Senão, mesmo eu, a criatura menos emotiva de todo o ensino médio, choraria. Mesmo eu, a que menos fez amigos.
Engraçado a sensação de crescer. O que anteriormente era meu inferno particular, por não conseguir me enturmar, de repente virou uma das coisas mais importantes que já tive.
E tudo parecia relativamente menor. Comparado com meu ego de universitária, realmente era.
Fomos à secretaria, onde a simpática atendente da qual nunca me preocupei em lembrar o nome, me deu uma ficha para preencher. Confirmamos que toda minha educação estava quitada - como se realmente se pudesse colocar preço em algo tão grande quanto conhecimento -, e recebi um envelope. Dentro, meu histórico escolar, que de histórico, nada tem. Não conta minhas alegrias, tristezas, decepções e risadas. Nem minhas lágrimas. Nem as noites insones fazendo trabalhos.
No caminho para casa, pela primeira vez desde a aprovação, chorei. Em silêncio, para não soluçar e deixar cair os documentos. Era um adeus aos murais coloridos, pessoas barulhentas e inocencia do colégio.

Logo, conhecerei outras vozes. Verei outras cores. Lerei outros livros.
Mas, por enquanto, sou apenas um nome na lista de aprovados na Federal.
Uma futura estudante de quimica, delirante em suas saudades.