sábado, 4 de julho de 2009

cativo?

"Incapazes os homens
que falam de tudo
e sofrem calados.
"
Requiem para uma flor
Raul Seixas
Eu continuo dizendo, Michael Jackson não morreu! Era tudo golpe de marketing pra vender cds!
Ele vai levantar no enterro e abrir aquele imenso sorriso macabro, dizendo "brinks, to vivão!".
Mas, muito bem. Não me linchem ainda. Apesar de ser piada, do fato de que sinceramente não me surpreenderia ele realmente fazer isso, eu admito: o cara era bom. Esquisito, mas absurdamente foda. Sem palavras.
Brincadeiras à parte, quem sou eu pra falar de normalidade?

Por sinal, perto da meia-noite, depois de me certificar de que todos em casa estavam no sétimo sono, saí para o jardim. Costume recente, por razões recentes. Sentei em um degrau da garagem, olhando para cima.
Foi quando meu Eu Lírico de alguma forma conseguiu se comunicar comigo. Sabe-se lá como. O perdi dentro de mim, e não sei onde está exatamente, como achá-lo.
Antes, ele vivia comigo. Sequer precisávamos trocar palavras. Sua mera presença, junto da minha pessoa, já expressava tudo que eu precisava saber. Agora me sinto distante... Na verdade, nem me sinto muitas vezes, insensível à maioria dos estímulos. Literalmente, fui dividida por mim.
Enfim, conversamos por algum tempo, eu e meu Eu. Mas, não se assustem, não é esquizofrenia. Não até ser diagnosticada. Sempre há a chance que eu seja simplesmente poética, ou uma mensageira do transcendental (mesmo atéia, me inclino pra segunda opção, devido à este lastimável blog que mantenho as custas do Marcelo ler meus delírios).

- Sentindo falta de algumas estrelas?
- Da maioria, pra dizer a verdade... A última vez que parei pra olhar pra cima, haviam tantas... Estas parecem mortas, perto das que já vi. Deve ser a poluição da cidade.
- Ou... A ausência de companhia. E não me refiro a mim.
- Bom... Talvez. Não sei mais se estou distante dos outros, ou os outros de mim. Tenho medo de que isso continue... Não quero terminar sozinha. Sem ofensas, mas um Eu Lírico, apesar de necessário, não é o que tenho em mente como conceito de sociabilidade.
- Tudo bem, não vou levar pro lado pessoal. Mas, então, me diga o que te afeta em palavras, talvez eu possa te ajudar. Não sou útil com cálculos, se for esse o seu problema, só pra te lembrar...
- Cálculos também são problema, mas não são os únicos. De repente um medo absurdo me oprime. Não tenho mais certeza de nada. Vivo em insegurança.
- Hm... Aquilo. Temor de ser deixada.
- Temor de deixar de ter graça. Por vários momentos me sinto como a criatura mais imbecil do mundo. Todos têm uma piada a contar, uma história interessante. E eu... Nada. O que digo não tem o mesmo efeito que teria se fosse outra pessoa. De repente me sinto abandonada. Mas ao invés de lutar contra isso, te tranco em algum canto na p*** que p****.
- Hmm... Acho que você não deveria se importar tanto. Quer dizer, por dezoito anos, você não estava nem aí. Quanto a me trancar... Socoooorro, é chato demais por aqui!
- Mas hoje... Amo gente que parece não se importar com isso. E eu nunca vou saber se o que me dizem é verdade. Nunca vou poder confiar inteiramente neles.
- Lamento, mas não posso ajudar daqui...
- Quê?!
- Eu te ajudo a ver o mundo mais bonito. A se expressar e colori-lo. Agora, a coragem de extravasar é sua. Confiança sempre foi seu problema. Você tem a opção de se tornar uma psicótica, evitando mágoas, e acabar com no máximo duas amizades tão perturbadas e inseguras quanto você. Ou pode parar de se importar tanto, até que os problemas realmente apareçam e você tenha um problema real, e não imaginado nas mãos.
- Eu...
- Fala, paixão.
- Você é um inútil no critério "chamada de longa distância".
- Aah, eu tive uma professora muito boa, sabe?

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