quarta-feira, 15 de julho de 2009

insônia.

Mais uma vez, a cidade dorme, e eu, aqui, insone.
As noites em que pesadelos me rodeiam são cada vez mais comuns. Tenho medo de deitar no travesseiro e me render a meus demônios.
Sempre fui uma pessoa que fala demais. Blá, blá, e blá. Apesar de parecer ser um livro aberto até demais, guardo muitos remorsos. Coisas idiotas, que às vezes me pego relembrando. Memórias ruins de tempos estranhos, distorcidas por mim mesma para que minha percela de culpa nos erros parecesse maior.
Hoje, a idéia que me mantém acordada e não se afasta é a de que todas as pessoas da terra têm uma razão para me odiar.
Aqueles que leem esta porcaria de blog e sacodem as cabeças pensando "mas que droga, outra crise de pânico?!". Aqueles que me veem sentada num ônibus, encolhida, jogando paciência no celular, mentalmente dizendo "burguesinha de merda". Quando me sento em um banco, mesa ou qualquer lugar para ler um livro, sinto olhares me fuzilando com a mensagem "olhe, mais uma menina metida a cult". Até mesmo quando saio de casa e vou encontrar o pessoal, me pergunto se aquelas pessoas que vejo todos os fins de semana não imaginam, em conjunto, que maravilha seria se eu não fosse.
De vez em quando, parece que vivo na corda-bamba. O que, por incrivel que pareça, acontece quando tudo está bem. É nesses momentos calmos que tudo parece bonito e brilhante demais para ser verdade. Abaixo a cabeça e espero a próxima facada. Nem que seja só mais uma noite de insônia.
O mais incrível de tudo é que, ao invés de ser uma garota extremamente emotiva e apegada aos outros, sou uma sociopata! Jamais saberei exatamente o que o coletivo confabula sobre mim. Também não me importo em compreender. Não faço nada que não seja por meu próprio benefício, e o admito. Se tenho um círculo de amigos, é porque a sociedade me obrigou, e também porque é confortável. Se ouço uma pessoa me contar um segredo, é mais pelo orgulho de ser considerada digna de confiança que por consideração. Se ajudo a alguém é mais para me considerar benevolente que para agradar. Se mantenho certas pessoas próximas, é porque me agradam e divertem.
Claramente, me contradigo. Qualquer pessoa que me conheça percebe que tenho momentos afetivos, e crises de racionalismo exacerbado em relação a relações.
Sociopata bipolar. E insegura.
Definitivamente, preciso de um psiquiatra.

Um comentário:

  1. É uma confissão profunda, que acredito, na verdade, que tenha necessitado de um bocado de coragem para falar assim abertamente.O que eu penso?
    Bem em primeiro lugar, o mais famoso clichê de se dizer nessas horas, mas que não penso que seja falso por ser repetitivo.Mas não creio que as pessoas te odeiem, bem, pelo menos não as do teu círculo social.Não importando se você se considera uma sociopata ou não.
    "Mais uma garota metida a cult".."Burguesinha de merda" e pensamentos mais variados e com termos mais pejorativos, são tão comuns...Tento dar risada, mas confesso que é difícil conseguir rir em cima disso todas as vezes.O melhor a fazer é aceitar o típico "é inveja"...
    Porém quanto as tuas motivações, eu não tenho o direito de questiona-las.Só você.E é teu para aceitar ou mudar se achar necessário.
    Mas reforço, você não é uma pessoa para se odiar.
    Cuide-se! E...ótimo texto novamente, li as primeiras linhas e já imaginei uma qualidade acima.

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