quinta-feira, 2 de julho de 2009

eu e mila.

"Com minhas invencíveis asas de diamante,
serei capaz de voar, revidar contra a dor.
Nos juntaremos e choraremos por você.
[...]"
Crash
Penicillin
E a ordem agora é não fazer sentido! Não que eu faça muito, mas são só detalhes...
Não fui eu quem se perdeu, foi meu Eu Lírico!
Entenda-se que ele é uma entidade amorfa assexuada, que assume o pronome masculino por meros fins gramaticais. Onisciente do que penso e passo. Uma espécie de deus ou demônio, nunca saberei ao certo.
Madrugada de chuva em Curitiba, e a "coisa" decidiu sair para passear. Me deixou no quarto, em frente ao teclado, e se foi pela janela. O deixo solto devido ao que as noites simbolizam para mim - a maior liberdade desta pobre criatura, desde que ninguém desperte. Hora do exorcismo, ou seja lá o que for que ocorra. Momento de pensar com clareza, depois do enfadonho dia sobrevivido. É quando sonho acordada, já que para mim, dormir é como morrer por algum tempo.
Enfim. O Eu saiu em jornada. Cruzou a rua, olhando o firmamento, maravilhado, apesar de haver nuvens por toda a parte. Mas ainda havia esperança: neste mundo mais exterior, apesar de ainda ter que lutar pelo controle de si mesmo com aquela garota imbecil, o sol poderia aparecer por mais de cinco minutos sem ser coberto por inseguranças.
Perdeu a noção do quanto caminhara, vendo jardins invernais, calçadas molhadas, gotas caindo dos céus... Como não estava acostumado com tamanha calmaria, começou a ficar inquieto.
Percebeu um prédio quase em ruínas, escondido atrás de um jardim descuidado. Pintura velha, plantas crescendo em caos pela fachada, vidros quebrados. Através de um deles, viu um ambiente acolhedor.
Confuso com a contradição, decidiu entrar. O saguão era simples, vazio. Não havia portaria, nem mesa para recepcionista, só alguns sofás, espalhados pelo cômodo. Subiu uma escada estreita e meio escondida. Acima, corredores brancos. Algo lhe soava familiar. Prosseguiu para ver onde chegava.
Eu, como Lírico que era, confabulava consigo o tempo todo. Começou a perguntar-se aonde estava. Caminhara tanto sem perceber que era possível que tivesse voltado para casa, uma vez que viver em uma mulher não se resumia a um apê com sala, cozinha e dois quartos. Era todo um mundo esquisito. Quase nunca percebia sua própria localização, e sempre descobria recantos estranhos. Era só ela se dispor um pouquinho mais a refletir que, cabum! Um bairro novo aparecia.
O corredor tinha curvas, e parecia contorcer-se indefinidamente. Das portas, que dariam para as janelas, nem sinal. Tudo branco, preenchido apenas pelo eco dos passos.

Cansado, sentou-se no chão. Definitivamente, não estava mais onde queria. Frustrou-se ao lembrar que a garota escrevia de forma confusa, e tinha problemas com conclusões. Além disso, tinha a tendência de induzi-lo imperceptivelmente a trabalhar em grandes questões, questões profundas, e esquecê-lo.
Se era este o caso, seria deixado ali mesmo. Não se incomodava pelo tempo, que para ele era medida insensata. O problema era o tédio...

Mais tarde, se levantaria, mas por enquanto, só queria respirar.

Assim ficou Mila, sem sua sensibilidade no presente momento.

3 comentários:

  1. Curti as coiisas que
    tuu escreveeuu '

    logo de cara parece ser
    uma coisa sem sentido , como tu disse

    maas depoiis o sentido começa a aparecer

    e sei lá até começa parecer poesiia '

    Puutz curti seu blog ' xD


    dá uma passadiinhaa lá no meuu '

    http://surigarotasemcerebro.blogspot.com/

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  2. Aiin não tô conseguindo virar
    seguidora desse blog '
    mas vou add em favoritos ' xD

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  3. Se eu pudesse com certeza lhe daria os parabéns agora mesmo, é incrível esse seu poder sobre as palavras para dizer coisas, como você mesma disse, de conteúdo tão profundo.
    As vezes me sinto assim também, é complicado, é grandioso e obscuro assim mesmo.Não tinha muito como ser diferente, andar por esses lados e suportar todas essas imagens fragmentadas.É uma questão de entender o lado mais confuso do Mundo.
    Estranhamente, fiquei feliz de ter lido isso.É uma das coisas mais bonitas que podemos fazer quando escrevemos.
    Cuide-se, sempre.

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