sexta-feira, 17 de julho de 2009

estrepado.

"O amor é bicho instruído."
O amor bate na aorta
Carlos Drummond de Andrade
Lembro perfeitamente. Pequeno, chegou discreto. Percebi, estava lá. De começo medroso. Fez cara de manha, e o deixei ficar. Alojou-se no meu peito. Logo tomou conta. Cresceu com velocidade fenomenal. Nada mais ali cabe. Nada mais quero que caiba.
Agora... Lá vai. Trocou os passos cautelosos por um trote frenético.
Correndo pelo quarto. Plena madrugada, sem me deixar dormir. Uma das muitas criaturas que rodeiam meu mundo torto. Ingênuo. Tornou-se confiante. Cada vez mais certo de si. Percebeu a própria existência e vangloriou-se. Cada dia mais sólido, mais bonito.
Aí! Tropicou no tapete, neste instante. Levantou bambeando. "Pobre coitado!", sussurro "senti sua dor".
Então, sorriu, alguns dentes mais banguela. "Tolinha! Para amar é preciso suportar cair", disse.
E eu em choque, com o tanto de sangue no chão. Riu de mim.
"O importante é a velocidade com que se levanta".

Acho que compreendi.

Um comentário:

  1. Sem palavras.
    Exceto que me achei ali, no drama, tão corriqueiro nesses últimos tempos.
    Melhor sorte.Já pedi água.

    ResponderExcluir