segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ponto final.

A verdade é que não disse tudo que queria. Não conseguiria por em palavras tudo aquilo que passou na minha cabeça. E depois de escrever isso, sei que vou pensar em muito mais no que dizer, e sempre vão haver lacunas a serem preenchidas.
Eu sei que sou patética, mas não escrevo isso com a intenção de que você mude de idéia. Talvez com um pouquinho de esperança, mas isso não vem ao caso.
Dói demais. A fisgada no estômago ao te ver chegar. O desconforto por estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo. E pensar que há alguns dias apenas eu fazia planos... Cada pequeno edifício me dizendo "olha, esse parece bom, não deve ser caro. Pequeno, mas quem se importa? É longe, mas mesmo duas horas de ônibus compensariam para poder chegar em casa". Por que casa virou sinônimo de "com você".
Não me distraio por mais de cinco minutos. Sempre volto ao mesmo ponto. Sempre lembro das mesmas coisas. Acho que eu tentei me mostrar forte ao ficar com aquele garoto, mas passei da medida. Admito. Pensando bem, acabou sendo um teste. Fui egoísta e acabei machucando tudo ao meu redor. Gente que nem tinha nada a ver com essa nossa história. Acho que já recebi meu troco.
Quando eu estava nervosa e despejei tudo aquilo na sua cara, o meu maior medo não era um tapa. Eu conheço o seu temperamento, e sabia do risco que sofria, mesmo sendo uma criaturinha medrosa. Até me surpreendi comigo mesma.
O meu maior medo era te ofender mais do que pretendia. E, de certa forma, também era minha maior vontade.
E, eu sei que você teme ser como o seu pai, mas ter algo a evitar já não diz algo sobre você mesmo? O seu remorso não é mensagem o suficiente para te dizer o que é certo e é errado? Todo mundo tem seus momentos desfreados. Nada do que você faça neles vai mudar o rapaz que conheci quando eu deitava no seu ombro, de mãos dadas, falando besteira, ou naquele ônibus amarelo com portas assobiantes.
Só que a verdade é que não cheguei a te conhecer por completo. Nunca consegui transpassar algumas das barreiras que você me impôs. Parte por não tentar o suficiente, parte por não ser bem-vinda. Achei que com o tempo você se abriria mais; me enganei um pouco. Me pergunto se isso teria mudado alguma coisa.
Aliás, me pergunto se várias coisas não teriam mudado algo, por mais mínimo que fosse. Havia algo na sexta que eu pudesse dizer que te fizesse mudar de idéia...? Mesmo sabendo que não, ainda me pergunto.
Então, só pra terminar o que eu realmente precisava te dizer até esse momento, lá vai o que eu queria ter dito desde o começo dessa grande piada sem graça:
Sem querer parecer implorar - diferentemente do que parece - você saibe como me encontrar, e eu acho que ainda vou demorar um pouco a parar de tremer toda vez que lembro da gente. Eu diria que não sei se consigo esperar tempo o suficiente, mas, o que sinto não se mede em dias nem meses. Além do mais, e se tempo suficiente for tempo nenhum...?
Sou burra e iludida, não precisa nem dizer; o problema é que essa esperançinha boba é o que me faz querer respirar.
Eu não vou desaparecer. Não vou ignorar o que passamos juntos, nem a pessoa que você é, e, por isso, não conseguiria nem que quisesse ter raiva de você. Mesmo achando que um pouco você merecesse.
No mais, espero que você fique bem. Mentira, espero que você morra de saudades de mim. Mas acho que a primeira opção fica mais bonita para se dizer, né?
Se for mesmo pra ser, que você seja feliz. Que resolva seus problemas pessoais, se esse for o custo para você encontrar outra garota absurdamente aleatória e irritante que você odeia, acabe se apaixonando e a faça feliz como, apesar dos maus momentos, você me fez.
De todo esse tempo, saiba que só contaram como essenciais para mim aqueles entre quinze de maio e quinze de outubro.

E, só agora... Um ponto final de verdade.
Mesmo que eu relute que seja o fim.
Queria poder ser forte, lutar e dizer que não é.
Mas nós dois sabemos que você é mais forte que eu.

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