quinta-feira, 22 de outubro de 2009

dois pontos.

Os primeiros minutos naquela sala se arrastavam. O clima estranho pesava em cima dos ombros. Sentei no sofá. Falamos de tudo, menos do que importava, para tentar discontrair. Quando percebi, disputávamos as almofadas, exatamente como nas outras vezes em que estivemos ali.
Não demorou para que elas começassem a voar. Sem me virar, vi uma delas passar bem ao lado de minha cabeça. Almejou um vaso, ao lado da televisão. Em seguida o barulho de vidro atingindo o chão. Cacos por todo o lado. Paralisei-me. Perdi a respiração. Até rirmos novamente.
Quando percebi, estava sentada no chão ao seu lado. Brigávamos como crianças, ao tentar fazer cócegas um no outro, sorrisos bobos. Como se os últimos quatro dias não houvessem existido.
De repente, me encarava diretamente nos olhos. Menos de um palmo separava os narizes. Mais uma vez perdi o ar. Lembrei-me de como seu corpo parecia quente, junto ao meu. Estremeci. Seus olhos, tão lindos me encaravam, indecisos entre o verde e o castanho diante do sol da tarde.
O que pareceu uma eternidade precedeu o beijo.

Jamais me esqueci de como era bom poder abraçá-lo, como se fosse feito sob medida para mim, poder beijá-lo.
Mas, de repente... Pareceu melhor do que jamais foi.
E os cacos foram esquecidos até a hora em que peguei minha bolsa.
Não percebi, mas acho que saltitei pela rua.

Adicionando mais dois pontos ao ponto final, conseguimos uma reticência.
Continuidade implícita. Melhor deixar a imaginação voar.

E pensar que o mundo havia parado para mim por quatro dias...

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