sábado, 16 de maio de 2009

par de idiotas.

"Eu quero que você saiba que eu te amo, baby,
quero que saiba que eu me importo.
Eu fico tão feliz quando você está perto de mim,
Mas tão triste quando você não está lá.
O que você vai fazer a resp
eito disso? [...]"
Whatcha gonna do about it?
Sex Pistols
Ele falou pra ela que a achava perfeita. Ela ficou sem jeito e tentou disfarçar que estava furiosa. Era uma garota teimosa, infantil, imbecil, que queria ter sempre o controle de tudo. Insegura, inacreditávelmente ingênua. Meio burrinha às vezes. Quase sempre, na realidade. Sabia de tudo isso, e não se esforçava a negar. Tê-la por perto culminava em perceber e aceitar todos esses problemas, e ainda outros, muitos a serem numerados.
Ele continuou, dizendo que achava que não a merecia. Ela suspirou profundamente, sem resposta para babaquice tão horrenda.
Pois como... Como é que ele não podia perceber o pior e mais irremediável defeito dela?
Como é que ele podia ignorar fato tão crucial?
Além de chata, irritante e bossal, a pobre criatura cometeu a cagada de se apaixonar. Por ele.
O rapaz persistia na conversa desagradável e sem sentido. Queria alertá-la sobre os perigos de se tentar um relacionamento sério. A coitada riu internamente. Que é um peido pra quem tá na merda? O leite já havia sido derramado mesmo. Seria mais divertido pular com os dois pés na poça e molhar tudo no maior raio de alcance possivel. Já se preocupava com ele. Já queria o seu bem. Já não conseguia mais tirá-lo do pensamento. Aliás, nem sequer tentava.
Ele era um galinha. Mas ela acreditava que seria sincero. Preferia acreditar, e o mais incrível é que não tinha dificuldades nisso. Ele também era um cara com vícios, inúmeros, por sinal. Mas também era gentil, carinhoso. A fazia rir quase o tempo inteiro. Compartilhavam momentos magnificos, e ainda por cima lhe dava a sensação de ser respeitada, de ser importante. Fazia-a sentir-se dona do mundo. Se bem que, foda-se o mundo. Trocaria dez planetas por aquele olhar cativante que ele lhe lançava, bem nos olhos, nos momentos de silêncio, enquanto se abraçavam. Um dos mais agradáveis que já vira, vindo daqueles olhos castanhos.
E foi assim que a moça ignorou tudo que ele disse. E foi por isso que aceitou dar àquilo tudo um nome formal. Tornaram-se namorados.
E, o mais incrível de tudo, é que, ao menos para ela, mal parece que tudo isso se passou há algumas horas. Não houve decisão nenhuma quando ela aceitou o seu pedido. Que, na realidade, não foi tão pedido assim - soava mais como confirmação. Apenas protocolo. Não houve alternativa entre sim e não. Houve apenas a sua vontade, e o rumo mais óbvio possível que ela pudesse ter.
Como se a estrada já estivesse trilhada quando ela decidiu caminhar. Sem devios, nem atalhos.

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