terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

descontrole 1.0.

"Cante e dance, eu vou tocar pra você esta noite
e me emocionar com tudo isso.
Núvens escuras me seguem de vez em quando,
mas eu vou dar um jeito nisso, então...
Eu olho para o céu,
minha boca está bem aberta, sinto o gosto.
Qual é o sentido em se preocupar?
Qual é o sentido em se apressar?
Gire, gire! Nos quase ficamos tontos."
Dave Matthews Band
Dancing Nancies
Já faz quase dois meses. Eu estava passando por uma fase difícil - fim de semestre na faculdade, brigas com o namorado, com a mãe, problemas em casa. Aquele desconforto de não estar no lugar em que se quer. A sensação de que tudo vai dar errado. E ainda assim, eu me mantinha firme e forte, como uma pedra. Procurava não me deixar abalar. Perdia a razão por instantes, e não lutava para reencontrá-la. Justificava gritos, confusões, brigas.
Afinal, eu estava sempre certa...
Um dia, no começo da tarde, enquanto tomava um banho gelado, por causa do calor, começei a chorar. Sentei no chão do banheiro, abraçando as pernas e me entreguei à tristeza reprimida que transbordava dos olhos. Chorava por tanta coisa que já nem sabia mais porque chorava. Faltava o ar, mas não as lágrimas.
Quando a dor cedeu um pouco, Me enrrolei em uma toalha, a caminho do quarto, ofegante. Já havia se passado quase meia hora. Vaguei pelo corredor, até o quarto. Ao chegar na maçaneta, mais uma onda de pesar. Me encostei na parede, sem sequer abrir a porta. Tentava fazer silêncio, torcia para que nenhuma visita entrasse na casa - estavam todos na mesa da garagem, conversando alto e bebendo. Eu sequer havia dado oi aos parentes que visitavam.
Foi quando meu herói apareceu. Meu pai passava pela sala. Aos soluços, encolhida contra a parede, pedi por socorro. O susto em seu olhar mostrava o quanto a minha situação era deplorável. Passou os braços ao meu redor, me acalmando finalmente. Já haviam se passado duas horas inteiras.
Conversamos um pouco. Chorei mais ainda. Ele me fez rir (daquele jeito psicótico e exagerado de gente deprimida). Chamáva-me de "assombração de filme japonês". Eu havia encharcado todo o piso da casa em menos de três horas - um feito digno de Samara Morgan.
Com quase quatro horas de ataque, consegui me recompor. Não fosse meu pai, acho que teria desidratado. Ninguém mais poderia me acalmar como ele.

É por isso que adoro meu pai.
Só ele sabe olhar pro meu rosto e descobrir o que eu quero ouvir.

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