sexta-feira, 6 de março de 2009

lar.

"Eu não soube o peso do mundo que estava em seus ombros.
Não soube que você estava triste, que você estava mal.
Eu prossigo como se nada estivesse errado,
sem razões para preocupação.
Tarde demais para lamentar sobre o tempo perdido.
Não há respostas, nenhuma saída fácil.
Pegue tudo, se você quiser. [...]"

Sweet Virginia
Gomez
É complicado nunca se sentir de fato em casa. Complicado, aliás, é eufemismo.
Já fazem anos que não me sinto livre para ser eu mesma em tempo integral. Algumas vezes sinto mais falta, em outras menos. Em outras simplesmente assumo a máscara - ela se encaixa tão bem, que o papel soa natural até para a atriz.
Já gostei de ficar um dia inteiro de pijama, andando pra lá e pra cá, da sala pra cozinha, cozinha pro quarto, me estirar no sofá em frente à televisão... E também já houveram dias em que simplesmente não tinha para onde ir, então, permanecia.
Ao crescer, fui percebendo que nada disso me pertencia inteiramente. Que muitas coisas que eu queria não me eram possiveis nesse ambiente.
É um exagero, mas qualquer pessoa que mora em um lar que não seja inteiramente seu - como eu e meu pai, que vivemos sob o teto de minha vó - se sente como um intruso, ao menos uma vez por semana... E quando essa melancolia vem, dói profundamente. Querer fazer alguma coisa, das mais bobas, como colocar um quadro na parede, até as mais audaciosas, como derrubar uma parede, mudar a cor dos cômodos, tudo sujeito à aprovação e desaprovação de outrem. E sem direito à opinião, na maioria das vezes - até que a boa vontade do individuo favoreça uma discussão.

Nada disso faz sentido para a maioria das pessoas com quem tentei discutir.
É o que me deixa mais irritada ainda. Ser uma exeção em algo tão banal, como se sentir acolhido.

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