segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

teorias.

"[...] Minha cabeça está fria,
Minhas mãos estão frias,
Meu coração está frio.
Meu coração está negro,
E pára toda maldita noite.
Toda noite, eu espero até que pare.

Cantem, pássaros,
Cantem, pássaros,
Cantem, pássaros,
Cantem!
Vão embora."

Give Me It
The Cure

No fim, todos estamos perdidos.
Lógicamente, faço uma generalização de um sentimento pessoal - me parece mais coerente no contexto literário do que dizer "oi, sou uma vítima do transtorno bipolar!".
Até agora, só consegui estabelecer este enunciado com total clareza. Não consigo definir porque determinadas pessoas parecem mais sem rumo do que outras, ou porque em alguns momentos simplesmente não sentimos o quão desamparados estamos. Mas tenho algumas teorias.
A primeira delas é a de que todos procuramos coisas diferentes. Por isso, certas criaturas demonstram menos necessidade de ser amparadas, ajudadas. De buscar o impossível.
Mas como isso parece simples demais, e de certa forma, assustadoramente careta para merecer uma maior exploração filosófica, optei por prosseguir para a segunda sem mais delongas.
Acredito que o pensamento mais coerente que passou por essa pequena cabeça perturbada, foi o seguinte:
  1. fato, estamos perdidos. Todos, absoluta e irremediavelmente perdidos.
  2. estamos confusos a ponto de sequer saber o que ou onde procurar. Sequer saber de que natureza - material, espiritual, ou qualquer outro "al" que puder ser imaginado. E "ais" que jamais suspeitamos ou suspeitaremos que existiram, existem ou existirão;
  3. por incrivel que pareça, esta "coisa" pela qual buscamos é comum. A todos. E justamente por não conseguirmos ter noção das inclinações dos outros para encontrar "aquilo" - pois todos temos um tipo de bússola apontando para o que quer que seja. De outra forma, seria absurdamente mais injusto do que já é encontrar o "troço" - ironia, ironia~~!;
  4. ocasionalmente, não percebemos o quão falta sentido em nossas existências. Isso acontece pois encontramos "distrações" no meio do caminho. Como, no caminho pra casa de um amigo para comer pizza, receber o telefonema de alguém convidando para um open bar;
  5. tais desvios oferecem conforto momentâneo, mas não duram muito;
  6. sim, dá perfeitamente para viver com esses espamos de alegria. E é por isso que - me espanque quem quer que duvide! - toda a pessoa que se julga feliz também tem seus momentos de depressão;
  7. alguns são mais sensiveis que outros. Daí em diante, segue a clássica classificação: fresco (a), emo, perturbado (a), psicótico (a), estranho (a), etc...
Até que saiu melhor do que pensei.
Passei anos imaginando isso. Desde conseguir idealizar, até transformar em palavras - começou com aquele estranho aperto no coração, que a maioria das pessoas ignora -, organizá-las... E agora, os rabiscos finalmente trazem alivio, ao esvaziar uma parte da cabeça.
As palavras já não são minhas. São de quem quiser ler e tirar idéias.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Acredito que não haja significado para viver, e qualquer significado pode (ou não pode, pois também pode vir por meio da imposição)ser "escolhido" para a vida do indivíduo (coloco escolhido entre aspas porque a maioria não escolhe, acredita).
    O fato deste significado ser uma morfina não lhe rouba a legitimidade, pois tendo consciência de que não havia um signifacado primeiro, qualquer escolha é válida. Cada significado provavelmente se encaixa melhor em cada tipo de pessoa, embora, confusas, a maioria faça as escolhas que lhes trazem dor e vícios. Não há uma escolha errada no sentido moral da palavra, só existe vantagem e desvantagem, dor e prazer.
    Até que me provem ao contrário...

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  3. Na vida estamos sempre perdidos ou à procura de algo que nos complete.
    Já procurei bastante por algo que dê valor a minha existência ou que me complete, mas nunca encontrei e penso que jamais encontrarei.
    A razão de nossa existência é cada momento vivido, é cada boa lembrança, é cada tristeza, prazer ou desprazer.

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